terça-feira, 12 de maio de 2020

Humildade


A HUMILDADE

Neste dia de quinta-feira santa, dia em que Cristo nos deu a maior lição de humildade que pode haver no ser humano ao lavar os pés aos seus discípulos temos obrigação de reflectir sobre o assunto.
O egocêntrico tem razão de ser? É gratificante viver sem o outro? Não é solitário? Podíamos continuar a questionar o modo de vida nestes tempos. Mas basta pensar que temos vivido como se fossemos pequenos deuses. Tudo podemos. Tudo decidimos. Não olhamos aos sinais que nos têm sido dados nestes últimos tempos. Os furacões que tudo destroem. Os incêndios que ceifam vidas e deixam outras em suspenso porque levaram tudo o que foi construído durante décadas. Os sismos que tudo derrubam como se de castelos de cartas se tratasse e tantas outras catástrofes a que temos assistido impotentes e incapazes de lhes por termo.
Como a ciência humana se desenvolveu e continua a desenvolver rapidamente muito boa gente transfere o sentido de transcendência para a imanência científica. Temos aprendido muito pouco apesar da ciência.
Hoje podemos constatar que um ser não vivo desprezível, invisível mostrou, de repente que é capaz de derrubar um paradigma civilizacional em duas penadas.
Infecta, difunde-se, multiplica-se com a ajuda preciosa do hospedeiro e coloca o mundo da cabeça para os pés. É resistente o suficiente forte para matar sem piedade e arrasa com qualquer economia por mais poderosa que esta seja.
Dizem muitos estudiosos que vivemos uma situação de guerra sem inimigos visíveis e todos sabemos os malefícios de uma qualquer guerra. É a perda de vidas mas é também a carência de toda a ordem. Carência de saúde, mas também de alimentação e tudo aquilo a que nos habituamos a chamar bens essenciais. Passamos de uma vida de luxo e desperdício para uma vida de miséria e fome.
Vamos ver se, depois de passar esta calamidade, cada um de nós mas também os governantes do mundo inteiro tiram algumas ilações e lições para o futuro.
Vamos ver se sobressai a humildade para estabelecer pontes em vez de muros. Para criar modelos de sociedade onde ninguém fique para trás. Para que o coração se sobreponha à razão no que respeita aos bens materiais e as sociedades passem a ser mais solidárias, mais amigas do semelhante e da natureza.
Oxalá assim seja.
Meimoa 10 de Abril de 2020
Zé Rainho  

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