quinta-feira, 19 de agosto de 2021

PROIBIÇÕES!

 

PROIBIÇÕES!

Proibições nunca surtiram grande efeito.

Foi possível enfrentá-las, contorná-las, infringi-las, no Estado Novo, no PREC (Processo Revolucionário em Curso), na Escola, na Religião, na Família, no controle de velocidade, só para referir situações mais ou menos contemporâneas, mais ou menos corriqueiras. Parece-me consensual esta afirmação.

Ora, se não servem para mudar comportamentos humanos, impõe-se a pergunta: Para que se proíbe? Não seria muito mais assisado convencer, captar, sensibilizar?

Lembram-se do Maio de 68 cujo mote era “proibido, proibir”. A complexidade humana tem destas coisas e por isso, a Psicologia defende outras formas de agir sem que se parta para a proibição. Mas parece que há gente que não aprende.

Notícia de ontem e de hoje é a proibição de alguns alimentos nas Escolas Públicas.

Desde logo nos vem ao pensamento perguntar porquê nas Escolas Públicas e não em todas as Escolas?

É preciso, é urgente mudar hábitos alimentares, é, sem rebuço e sem dúvida, por questões de saúde. Alteram-se comportamentos alimentares proibindo certo tipo de alimentos nas Escolas Públicas, não, sem rebuço e sem dúvida nenhuma.

Para que servirá proibir o hambúrguer na escola se o paizinho e a mãezinha levam, ao fim-de-semana, quando não diariamente, o menino(a) ao McDonald’s? De pouco, já se vê. Reforça esta ideia a bastonária da ordem dos nutricionistas dizendo que serve para pouco proibir na escola se nas proximidades, em cafés, pastelarias e outros há, à venda, esses mesmos alimentos.

Espantoso é um representante da confederação de Pais vir dizer que se congratula com a medida, mas que o que é indispensável é que os pais mudem os seus comportamentos alimentares. A mim apetece-me perguntar: - então se é na família que se alteram comportamentos para que é que é necessário proibir na Escola? Servirá para alguma coisa?

A pandemia deixou-nos abúlicos. Habituámo-nos a que nos proíbam muitas coisas e já não reagimos. Proibiram-nos de sair de casa, de visitar os nossos velhinhos, os nossos familiares hospitalizados, de fazer casamentos, baptizados e até funerais, de frequentar igrejas, restaurantes, cafés, discotecas e agora também nos proíbem de comer.

Eu dou por mim a pensar: - como é que um Governo, ainda por cima minoritário, consegue proibir tudo e mais alguma coisa sem que vozes se levantem? Nem Deputados, nem activistas, nem sindicatos, nem Partidos Políticos e, muito menos a sociedade civil e concluo que, se não vivemos em Ditadura, vivemos numa democracia menorizada e muito, muito musculada e numa sociedade que não vislumbra futuro e, por isso, não se rebela.

Cá por mim não vou em proibições e considero que estas apenas servem para que a imaginação nos dê ferramentas para as ludibriar.

19/08/2021

Zé Rainho

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