domingo, 9 de novembro de 2025

 

AO AMOR DA MINHA VIDA!

 

Queria oferecer-te um ramo de rosas

Brancas, ornado de bonitas palavras,

Onde cada pétala te falasse de amor

De dedicação, medos, preocupação,

Mas também de alegria e felicidade

De sintonia e total cumplicidade.

 

Queria que fosse em verso ou prosa

Que fosse com elevada sabedoria

Mas a tanto não chega a erudição

Deste humilde e gasto coração.

 

As palavras perderam densidade

Já não referem o amor autêntico

Falam de amor volúvel, efémero

Paixão, sexo, relação ou curtição

E não referem fidelidade, devoção,

Bem-querer, quase adoração.

 

Por isso, meu amor, neste dia

Só te posso oferecer a imensa alegria

De contigo partilhar a ambição

Da total e completa comunhão.

Nestas dezoito invertidas Primaveras

Agradeço ao nosso Deus, deveras,

A graça de ter como minha companhia

Pedindo-lhe que te dê vida e alegria,

Num sentimento de incauto egoísmo

Desejar que te livre de sofrido abismo.

 

Queria dizer-te o sentir do meu coração

Não sou capaz, não tenho condição

Para expressar todo o sentimento

E por isso mesmo lamento

Dizendo-te, apenas, que te amo.

 

21/08/2024

 

Zé Rainho

 

 

 

 

 

sábado, 8 de novembro de 2025

TRALHA!

 

TRALHA!

Passamos a vida a guardar coisas. São papéis, são objectos com maior ou residual valor material, são peças de vestuário, de decoração ou, simplesmente, coisas banais repletas de inutilidade e, de um momento para o outro, vemos que temos a casa, o quarto, a sala, ou qualquer outra dependência, atulhada de tralha. Tralha que é preciso descartar porque deixa de haver espaço para coisas novas, mais ou menos necessárias, mas que a renovação e o mundo consumista exige.

E, de repente, questionámo-nos: para quê tanta coisa?

Quando somos velhos levamos a pergunta mais longe: Porquê e para quem vai servir esta tralha quando eu morrer?

Uns dirão que serão para os filhos. Outros para os netos. Porém, poucos ou nenhuns se questionarão sobre a mesma questão quando, por vicissitudes da vida, não houver descendentes directos, ou mesmo indirectos, que venham a usufruir de tanta acumulação de coisas materiais.

Temos, para nós, que há muito boa gente que passa a vida inteira a privar-se do que a faria feliz para aferrolhar, para acumular para o futuro. Não, que tal atitude seja por nós criticável, mas a efemeridade das coisas materiais, na perecibilidade do mundano nos parecia mais adequado, mais ajustado. Que tal apostar mais em si mesmo, nos seus, no quotidiano, na comunidade, nas pessoas em geral, de forma a aproveitar melhor os bens que podem trazer mais felicidade a todos?

Preocupamo-nos, demasiado, com a matéria perecível e negligenciamos o que é perene, o que nunca morre. Valorizamos a imanência e esquecemos a transcendência.

 Muitas vezes esquecemo-nos de que não levamos nada para a nova dimensão e que, mais importante de tudo não será deixar bens, mas será deixar memórias do que fomos, do bem que fizemos, das amizades que construímos e preservámos, das relações afectivas que estabelecemos e que serão lembranças prazerosas.  

Santo Agostinho, um homem sábio, culto, que teve a sorte, mas também a lucidez, de aprender com os próprios erros, é um bom exemplo para arrepiarmos caminho, com a certeza de que nunca é tarde para o fazer porque, como diz o Evangelho, haverá mais regozijo no Céu por um pecador arrependido do que por cem justos que não necessitam de arrependimento.

Não se pretende dar conselhos e muito menos lições a quem quer que seja, mas pensando na tralha que mais dia menos dia temos de nos desfazer, talvez fosse avisado encher o nosso coração de amor, de tolerância, de compaixão, particularmente para com aqueles que nos estão mais próximos e mais frágeis.

Porventura uma escuta mais atenta, uma palavra de apreço, consolo, no momento de dor, seriam jóias a coleccionar.

Como Santo Agostinho, eu pecador me confesso: preciso de mudar muito a minha forma de estar na vida para cumular tesouros no Céu. Libertar-me da muita tralha que tenho espalhada pelos diversos cantos da casa e, quiçá, no meu coração.

07/11/2025

Zé Rainho

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Condecorações!

 

CONDECORAÇÕES!

Os detentores do poder político-administrativo do Estado, em determinadas datas simbólicas ou em fim de mandato, têm por hábito condecorar ou louvar colaboradores, alguns apaniguados e amigos.

Por vezes, também se lembram daqueles que, por actos nobres, ou mesmo heróico, se notabilizaram perante o povo, que elevam o nome do país, dentro e fora de fronteiras e lá vem uma conderaçãozinha.

Infelizmente, algumas vezes, também condecoram pulhas e crápulas, que se notabilizaram por abusos de poder, por apropriação indevida de bens públicos, uns mais discretos do que outros, porque até se condecoram aqueles que escarnecem do povo português, com gargalhadas cínicas, perante perguntas dos deputados eleitos da nação. Não será necessário mencioná-los porque o povo tem memória do que viu e ouviu a alguns desses estupores.

Mas, hoje, quem vai condecorar não é nenhum poderoso, mas vai ser este vosso humilde escrevente. Não por ser uma despedida, ou será, ninguém sabe, porque sou homem e vim do pó e ao pó retornarei e a minha crença me diz que nem um só cabelo da minha cabeça se perderá sem a vontade de Deus, mas por ser um dever de consciência e honestidade intelectual e humana.

Sem obedecer a qualquer tipo de hierarquia na menção que a seguir se enuncia, porque todos estão no meu coração e merecem a minha incondicional gratidão, hoje quero condecorar, honrar e distinguir, por mérito e serviço notável, aqueles que tudo fizeram e fazem por mim.

Assim, com a ordem do Grande-Colar do amor incondicional, os meus pais, pelo carinho, dedicação, amor total, mimo e sacrifício, que fizeram em prol do meu crescimento, saúde, educação, valores incutidos, doação total e absoluta para que nada me faltasse, ao longo de toda a sua vida;

Com a ordem do Grande-Colar do amor incondicional, a minha esposa, as minhas filhas e genro, pelo carinho, dedicação, paciência, indulgência, tolerância, perante as minhas falhas, as minhas debilidades, a minha impaciência, em momentos menos bons da minha vida e sempre estiveram no lugar certo e adequado;

Com a ordem da Grã-Cruz do afecto carinhoso, os meus avós, os meus tios e primos – aqui se englobam os masculinos e femininos – porque não entro na narrativa “wokista” do todos, todas, todes, porque para mim todos, são todos, sem excepção ou discriminação, pela forma carinhosa e protectora que sempre me dispensaram;

Com a ordem de Comendador da amizade pura, os meus amigos de toda a vida, mas também os mais recentes que, estando perto ou longe, no espaço e no tempo, sempre me demonstraram que fui e sou importante para eles e que me têm no coração e na memória;

Com a ordem de Grande-Oficial da sapiência paciente e compreensiva, os meus professores e mestres, pelo muito que me ensinaram, pelo que despertaram em mim a vontade de aprender, sempre mais e ao longo da vida, incutindo-me saber e valores éticos e morais, que me têm sido extremamente úteis na vida quotidiana;

Com a ordem de Mérito-Cívico, todos os meus colegas, que comigo se cruzaram ao longo de uma jornada de trabalho de mais de cinquenta anos, pela consideração, respeito e colaboração que sempre me prestaram;

Com a Ordem da Lealdade e Mérito, todos aqueles seres humanos com quem tive e tenho o privilégio de me identificar, pela conduta e exemplo humano e social.

A todos os condecorados aqui a minha eterna gratidão, o meu respeito, consideração e o meu amor. Bem Haja a todos.

07/08/2025

Zé Rainho

 

 

terça-feira, 8 de julho de 2025

Proibições

 

PROIBIÇÕES!

Gosto de regras, não gosto de proibições. Para muitos são, mais ou menos, a mesma coisa, mas não é bem assim. As regras definem a ordem das coisas. As proibições castram as opções e as opiniões.

Na vida nada é simplista, é tudo complexo. Não há só preto e branco, há uma panóplia de cores que dá beleza ao arco-íris.

Os telemóveis podem conduzir a adições perigosas. Podem destruir pessoas de mentes frágeis ou pouco esclarecidas. Podem afectar as relações humanas. Podem ser canais de manipulação de “verdades”. Podem causar ansiedade e depressão. Podem estimular emoções e obsessões perigosas. Podem ser isto tudo e muito mais e o seu contrário.

Os telemóveis podem salvar vidas. Podem aliviar aflições. Podem ser fonte de conhecimento. Podem ser auxiliares de memória. Podem ser veículos de aprendizagem. Podem ser promotores de desenvolvimento económico, social, educacional. Podem ser auxiliares preciosos da saúde.

Assim, apesar destas contradições, fruto da eficiente ou deficiente utilização do telemóvel, sou contra a proibição do uso do telemóvel na escola, ditada pelo governo central.
Não gosto de imposições, generalizadas, a uma organização que deveria ter autonomia responsável, que é a escola.

A Escola é o epicentro da vida do homem de amanhã. Por ser centro de criatividade, de aprendizagem, de relações humanas, de liberdade, de afirmação pessoal e construção da personalidade, numa palavra, modelo de sociedade, pelo que não pode ser coarctada na sua autonomia e prejudicada na realização da sua actividade principal, que é instruir e educar, tendo como base o contexto sociológico em que se insere e de que faz parte integrante.

Formar é o contrário de enformar. Formar é libertar e enformar é meter dentro de uma forma. Nenhum círculo se sente bem na forma de um quadrado e vice-versa. A missão da escola é formar não é condicionar, nem limitar essa formação.

Aprecio a frontalidade do actual ministro da educação porque tem vontade de mudar alguma coisa no muito que está mal no “monstro” do ministério da educação, mas, em minha opinião, anda mal nesta proibição de uso do telemóvel para os alunos do primeiro e segundo ciclos.

Então os professores não são capazes de demonstrar às crianças que, em contexto de sala de aula, o telemóvel pode ser um auxiliar de aprendizagem e não pode, em situação alguma, ser perturbador dessa mesma aprendizagem? Fica-lhes, apenas, reservado o ónus maléfico da proibição? Acho esse papel muito redutor.

Para piorar a situação surge a inevitável pergunta: quem vai fiscalizar o cumprimento desta regra governamental? E o não cumprimento implica o quê?

Porventura este é um terreno que o ministro não necessitaria de pisar e, pelo muito que tem que fazer, talvez devesse aventurar-se por outros caminhos mais profícuos, para que as nossas crianças e jovens sejam adultos mais conscientes, mais responsáveis, mais capacitados e melhores seres humanos.

1/07/2025

Zé Rainho

 

Circo

 

CIRCO!

Desde muito cedo tive a possibilidade e por isso me habituei a ir ao circo, onde me divertia-me muitíssimo.

Habituei-me a ver extraordinários malabaristas, ilusionistas, trapezistas, contorcionistas, equilibristas, palhaços, que, com um esforço hercúleo, faziam os seus papeis com profissionalismo, dedicação e mérito. Nutro, por essa gente, ainda hoje, um respeito enorme e uma admiração gigantesca.  

Nunca suportei os canastrões nas artes circenses, teatrais ou outras, porque, não só demonstravam falta de talento, mas, sobretudo, falta de trabalho, de empenho, de dedicação, de esforço. As rábulas saiam-lhe pífias e os números eram, em regra, desastrosos.

Ontem, as televisões mostraram, à exaustão, como um canastrão emproado, arrogante, truculento, quis fazer o seu número, sem talento, sem conhecimento, sem competência, atirando ao público a sua sobranceria e arrogando-se o direito do insulto a tudo e a todos. Aos telespectadores, jornalistas, juízas, procuradores do ministério público e, até ao Procurador-Geral da República, um órgão de soberania democrática. O típico do individuo que vai em contramão e diz que todos os outros é que estão errados.

Francamente, já não tenho idade e, muito menos, paciência, para este circo. Por isso faço um apelo ao Tribunal, pedindo-lhe que meta este pretenso equilibrista, malabarista, ilusionista, trapezista, contorcionista, palhaço, na ordem e o remeta para o seu lugar de criminoso indiciado, que está sujeito à Lei e ao respeito devido a todos os órgãos de soberania democrática, nomeadamente à justiça, já que nunca soube respeitar o órgão de soberania executiva, ao qual presidiu por tempo demais e nos fez pagar caro a sua incompetência e o seu despotismo.

04/07/2025

Zé Rainho

domingo, 30 de março de 2025

PARÁBOLA!

 

PARÁBOLA!

Hoje, na Igreja Católica, celebra-se p IV Domingo da Quaresma e a leitura do Evangelho apresenta-nos a parábola do Filho Pródigo. Uma das parábolas mais conhecidas e das mais belas, em minha modesta opinião, do mundo cristão. Por ser por demais conhecida não se reproduz aqui, mas os que a desconhecem ou aqueles que a querem conhecer melhor têm sempre a oportunidade de consultar a Bíblia e em Lucas 15, 11-32.

Disse que era uma das mais belas e é neste ponto que me quero focar e com os leitores reflectir, perdoem-me a imodéstia.

É bela porquê? Porque a história assenta em três personagens fantásticos e tão fascinantes como é a história de cada ser humano.

Todos nós temos o nosso lado rebelde às convenções, às determinações, às ordens, à regulamentação e à uniformização. Este lado está magnificamente representado na personagem do filho que, ainda em vida do pai, lhe exige a sua parte na herança, recebe-a, delapida-a, e depois de muito passar em luxúria e desregramento, cai na real, na miséria, na fome e na descoberta do erro monumental e arrepende-se amargamente. Com o arrependimento veio, sem rebuço e sem medida, o pedido sincero de perdão.

Todos nós temos o lado de filho obediente e cumpridor das regras que vê o pai como soberano e todo-poderoso. Mas, ao mesmo tempo, temos o lado que nos induz à dureza de coração e de negociante. Já que cumpro quero a recompensa. Normalmente associado ao ciúme, à inveja. Se eu sou cumpridor porque é que tratas o teu filho rebelde melhor do que a mim? Porque lhe perdoas o desvario? Todos nós temos este lado justicialista. Vemos o argueiro no olho do vizinho e não vemos a tranca nos nossos olhos.

Todos nós temos, também, o lado de pai bondoso, misericordioso, pai que se alegra com as vitórias dos filhos e, sobretudo, pai que perdoa tudo, que ama sem medida e que quer para os seus filhos o melhor. Por isso recebe o seu filho rebelde com beijos e abraços, com festa, com alegria, porque o filho estava morto e voltou à vida, porque estava perdido e reencontrou-se. E não se esquece de dizer ao outro filho enciumado: filho tudo o que eu tenho é teu, mas tínhamos de fazer festa porque o teu irmão, frisando bem, o teu irmão, estava morto e ressuscitou para a vida.

Assim nós fossemos capazes de reconhecer o nosso irmão, o degenerado, o fora da caixa, o que não teve oportunidades, o que não quer aceitar as regras, mas também aquele que, humanamente, tem razões para se sentir injustiçado porque sempre andou na linha e, sobretudo, sermos capazes de nos libertarmos de julgamentos apressados, de juízos de valor sem razão objectiva e perdoarmos. Perdoarmo-nos uns aos outros para vivermos em harmonia, em paz, irmãmente.

Bom domingo para todos.

30/03/2025

Zé Rainho

quinta-feira, 27 de março de 2025

PILARES!

 

OS PILARES!

Num mundo em que o dinheiro é o deus todo-poderoso, de que é exemplo a actual administração e respectiva assessoria da Casa Branca, o direito da pessoa fica diminuído quando não reduzido ao ínfimo.

Quem entenderá que o processo da hipotética, paz da Ucrânia se resolverá sem que esta seja parte no diálogo que vai haver entre Trump e Putin?

Poderá dizer-se que já houve conversações com Zelensky e há uma proposta aceite por este nas mãos de Trump, mas Putin já disse que, nem pensar, naquilo. Então se há divergência de base não deveriam estar na mesma mesa sentados todos os interlocutores para dirimir argumentos e acertar as decisões?

Cá no burgo costuma dizer-se: “quem vai avia, que manda quer aviar”. O que poderá querer dizer que o Trump será o moço de recados do Putin para convencer o Zelensky de que tem que ceder território, tem de capitular em todos os sentidos, depois de milhares de mortos e estropiados, de milhões de vidas destroçadas pela ambição de um louco ou, pior, um ícone da malvadez humana como é o Putin.

A História tem-nos mostrado que o Homem – o ser humano – para não ofender o feminismo obtuso, que desde sempre assentou o seu objectivo de vida em três pilares: o medo, a glória e o lucro.

Maslow indicava-nos outros muito mais modestos e adequados: necessidades fisiológicas, de segurança, sociais, (satatus) estima e de auto-realização. O que quer dizer que privilegiava as necessidades básicas e relacionais como fundamentais e só depois as relativas ao prestígio e hierarquia social. Este homem do pensamento filosófico e psicológico defendia na sua teoria, que tinha bebido em pensadores behavioristas anteriores, que o homem é todo igual na essência e por isso o dever de aceitação do outro tal como é.

Se recuarmos no tempo temos de nos lembrar de um homem histórico especial, revolucionário, considerado mesmo um pouco louco, à época, que foi Jesus Cristo e que veio dizer que o medo, a glória e o lucro (dinheiro), não se justificam se vivermos como irmãos, nos sentirmos como tal, nos amarmos, nos respeitarmos, constituindo uma comunidade onde  eu me coloco no lugar do outro antes de julgar e actuar a meu belo prazer.

A segurança de um povo como o ucraniano, que foi invadido barbaramente, por quem da vida apenas tem medo, tem poder e quer mais dinheiro não pode ser tratada por quem apenas vê cifrões e lucro como é o caso dos protagonistas do dia de hoje. O mesmo é válido para com os Palestinianos, Israelitas, Afegãos, Ugandeses e muitos outros povos que estão em guerra porque não são capazes de alterar os pilares actuais da existência humana.

Pensar sobre o assunto e cada um tentar, no seu dia-a-dia, fazer a sua parte talvez conseguíssemos um mundo melhor para nós e para os vindouros. É apenas uma alteração de padrões culturais. Digo eu, que não percebo nada de diplomacia nem de armamento, apenas gosto de pessoas.

18/03/2025

Zé Rainho