sexta-feira, 9 de julho de 2010

A (des) Educação

Falar da Educação que temos, ou que não temos, é um tema gasto e pouco estimulante mas é, em meu entender, um problema candente.
Saíram as notas da 1ª Fase das Provas de Acesso ao Ensino Superior e, como já se esperava, apesar do facilitismo reinante, as médias a Português baixaram, relativamente ao ano passado. Dizem que a Matemática subiram. Tenho dúvidas. Quem não sabe Português como poderá interpretar questões matemáticas?
Mas há mais. A Comunicação Social diz-nos que a MLR afirma que o PS ganhou as eleições devido às reformas efectuadas na Educação no anterior mandato (ver Revista Sábado do dia 8 deste mês).
O quererá dizer tudo isto? Que confusão é esta? Os meus neurónios esturricam com o calor deste debate.
Se nos lembramos do que tem sido a Escola a partir do século XV e, com maior impacto nos séculos XVIII e seguintes, somos levados a concluir que esta sempre viveu em sobressaltos e solavancos, ora em frente ora para trás, mais vezes para trás do que para a frente.
Se nos lembrarmos de Homens cultos como Voltaire, Ribeiro Sanches e outros de igual gabarito não nos podemos admirar que, nos nossos dias, surjam iluminárias que pretendam ficar na história pelo que fizeram, ou não, pela Educação. Voltaire dizia que "haverá sempre e é indispensável à Felicidade dos Estados que haja sempre miseráveis ignorantes". Ribeiro Sanches afirma que "o rapaz de doze ou quinze anos, que chegou a saber escrever uma carta, não quererá ganhar a sua vida a trazer uma ovelha cansada às costas, a roçar mato de manhã à noite, nem a cavar".
Ora se este tipo de pensamento fora apanágio de Homens Cultos e Ilustres do Iluminismo, que esperar de gente menor, no pensamento, no conhecimento e nos princípios?
A Escola é - deve ser - um local de trabalho, de esforço, de mérito, aprazível, lúdico, mas exigente e com regras, que se apliquem a todos os intervenientes.
Ao que assistimos? Passa tu que eu passarei. Trabalhar para quê, se o resultado final é o mesmo? E por aí adiante.
Há dias conversando com uma pessoa que de habilitações académicas não concluiu o antigo 5º Ano do Liceu - 9º ano de escolaridade - dizia, com toda a arrogância, que não permite que passem para o exterior da Instituição que tutela, relatórios ou simples ofícios elaborados por Sociólogos e/ou Assistentes Sociais sem os filtrar, devido a erros de ortografia, sintaxe e até de semântica.
Ficando escandalizado com estas afirmações e olhando para as classificações dos Exames Nacionais de Acesso ao Ensino Superior, conjugando tudo com as afirmações da MLR só me resta ficar atónito e descrente no futuro do País, devido à "Elite" que Educa.

4 comentários:

  1. Como é bom ouvirmos um pouco de todos os géneros musicais, aqui a música é outra! :)
    Aliás estão a dar-nos música, sem dúvida, e esta é apenas ruído e dor de cabeça. É uma autêntica falta de crédito, já ninguém sabe onde anda a Educação. Motivem os alunos, ensinem-lhes valores, desenvolvam competências... bla-bla-bla... atenção às metas, às taxas de sucesso... ONDE ENTRAM OS SERES DE AMANHÃ,OS ALUNOS, NESTA ENXURRADA DE IDEIAS INCONCEBÍVEIS?!? Para quê estudar... se quem não estuda também tem diploma! Ou será certificado de competências!?! Que falta de sentido tem a vida no campo da educação... no futuro...
    "Os meus neurónios esturricam com o calor deste debate"... neurónios que fazem falta a tanta gente! E tantos há por aí que se esforçam... Como dói falar assim da área à qual nos entregamos de corpo e alma!
    Este é um meio poderoso para alertar consciências e, neste campo, os seus textos têm sido uma verdadeira arte!
    Admiro a forma como fala da realidade.
    Parabéns!
    Abraço amigo

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  2. Obrigado JB pelas palavras simpáticas mas, igualmente verdadeiras, no que respeita à (des)educação.
    Sempre me bati por uma "Escola Para Todos" mas sem que isso se traduzisse em falta de qualidade. Também me entristece ver desmoronar um edifício que julguei, durante anos, estar a ajudar a construir. Doi-me esta mediocridade e por isso, por vezes, aventuro-me nestas discussões. Ainda que com medo, porque estes "anedóticos" são perigosos e podem criar-nos problemas, numa altura da vida em que só nos apetece descansar, o que não quer dizer, desistir de lutar.
    Obrigado.
    Abraço amigo
    Caldeira

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  3. Zé Caldeira, não me vou alongar muito no meu comentário. Direi apenas que, à elite reinante, não interessam homens cultos. Interessa sim, e muito, que se formatem seres obedientes, acríticos, fiéis executores de tudo o superiormente delineado. Sem mais delongas.

    Abraço

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  4. Agostinho!
    Tens toda a razão, já no tempo dito do "fascismo" o Cardeal Cerejeira dizia para Salazar: "quanto mais ignorante for o povo mais fácil será governar".
    Tenho para mim que precisamos de um novo 25 de Abril, agora com palavras e sem chaimites, para revolucinarmos esta espécie, menor, de democracia.
    Abraço
    Caldeira

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