quarta-feira, 14 de julho de 2010

O estado da Nação

De há uns dias a esta parte discute-se, na Assembleia da República em particular, e na Comunicação Social em geral, o ESTADO DA NAÇÃO. Uma falácia. Uma diversão parlamentar e jornalística.
Atentemos no conceito de "Nação" e, facilmente, chegaremos às conclusões acima aduzidas. Nação é muito mais do que fronteiras geográficas. É um Povo, uma Cultura, Tradicões, Costumes, Arte, Gastronomia, Folclore e muito mais, que faz dos habitantes de um certo espaço uma população única e inimitável. País é outra coisa e não se pode confundir com Nação. Poderíamos teorizar sobre as diferenças mas não vale a pena. Não é este o objectivo desta reflexão.
Partindo da permissa de que Nação é uma realidade e o País outra, bem diferente, fará sentido estarmos a debater ou a colocar na Ordem do Dia o debate sobre o tema em epígrafe? Parece-me claro e evidente, que não. Porque é estéril, inconsequente e não altera em nada o estado da Nação. As características desta não se alteram com as variáveis em discussão, porque o que se debate é o estado das finanças públicas, da dívida externa, do déficite interno, dos impostos e outras minudências que, afectando directamente a vida das pessoas, não altera em nada a especificidade de um Povo com, quase, nove Séculos de História.
Perguntarão, com toda a razão e legitimidade, porque se "perde" tanto tempo e se empenham tantos especialistas em fazer o diagnóstico subjacente ao título? Correndo o risco de ser superficial digo que, uns de boa fé e outros, nem tanto, querem o Povo distraído. "Pão e Circo" de outros tempos.
Daí não se darem ao trabalho de informar as pessoas da diferença, substancial, entre País e Nação.
O País está pelas ruas da amargura. Está em risco de insolvência por inaptidão, incapacidade, incompetência, e com fins bastante obscuros. Está inseguro. É injusto. Cheira a podre. A Nação está bem e recomenda-se. Mantém o seu sentido patriótico. Preserva a herança avoenga que recebeu. A Língua mantém-se viva e actuante. Que mais se pode desejar para o estado da Nação?
Então vamos lá dizer aos nossos parlamentares, governantes e jornalistas que mudem o azimute e alterem as parangonas do debate. Discuta-se com verdade e profundidade o estado do País, que esse sim, precisa de diagnóstico e, mais do que isso, de terapêutica adequada. Deixem a Nação em Paz porque enquanto as nossas crianças aprenderem a Língua Materna, o Hino Nacional, conhecerem a Bandeira Nacional e os símbolos que ela contém e, já agora um pouco da sua História, tudo irá bem com a Nação.

2 comentários:

  1. Zé nem a nossa cultura não é mais a mesma. Tem sofrido influências provocadas pelo poder, pelo poder internacional, que pouco a pouco tem acabado com ela. Na comida adoptamos a comida rápida, festejamos o dia das bruxas, fizemos o acordo ortográfico, etc. Breves exemplos que nos alertam para a perca, dia após dia da nossa identidade. A ASAE tem contribuído para acabar com a nossa gastronomia, entras numa taberna e já não vês aquele peixinho frito com um sabor divinal. As exigências são tantas que os nossos tesouros gastronómicos estão a perder-se. Ninguém consegue lutar para preservar uma cultura perdendo dinheiro durante muito tempo. Intacto resta-nos o hino e a bandeira. Estes símbolos continuam intactos, não sei por quanto tempo. Realmente país e nação não são a mesma coisa mas, já muito pouco nos resta deles. A abertura das fronteiras contribuiu para que fossemos invadidos por outras culturas, outros valores, outras tradições. A globalização deu o golpe final.
    Abraço

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  2. Boa noite, Zé!
    Ainda ando por aqui... Não resisto à tentação de dizer que este é mais um texto, para mim, dos melhores em termos de pertinência e devia ser publicado e lido em voz alta na Assembleia da República e noutros meios de comunicação social! Que bela lição aqui deixou!!!
    Apoio esta sua forma dinâmica de "lutar" e está na altura de deixar de guardar esta poderosa "arma"(as palavras) no computador.
    Parabéns!
    Abraço amigo

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