segunda-feira, 12 de julho de 2010

Por isso tenho medo

O estado do País é, no mínimo, preocupante e, no máximo, de falência técnica. O povo, coitado, tem andado distraído com o Futebol e nada mais faz do que, em conversa de café, lamentar a situação a que chegamos.
Quem acompanha, ainda que pela rama, a Comunicação Social, não pode deixar de se inquietar.
Assistimos, em nove meses da nova governação a uma verdadeira corrida à colocação dos "amigalhaços" em Empresas Públicas ou de capitais públicos. Uns, por terem deixado de ser ministros, outros por serem indispensáveis à propaganda. Vamos apenas referir os casos do Delegado Regional do IEFP do Norte - um professor de Castelo Branco ex-assessor do actual Secretário de Estado do Emprego e anterior Secretário de Estado da Educação - e o ex-Ministro Manuel Pinho. Não está em causa a competência ou a falta dela, dos nomeados. Preocupa o despudor com que se fazem nomeações sem concursos, sem testes de capacidades, para o desempenho de determinadas funções.
Não nos parece que uma pessoa com formação de base destinada ao Ensino, seja qualificado suficiente para gerir uma delegação do IEFP de uma zona, onde o desemprego é uma catástrofe que afecta muitos milhares da famílias, com todos os dramas pessoais e sociais que isso traz consigo.
Mas, como os amigos são para as ocasiões, cá temos um albicastrense a favorecer outro conterrâneo, sendo o critério geográfico de residência, bastante e suficiente.
Para os mais condescendentes dirão: - já que tem que lá estar alguém que coloquem lá um beirão do interior. Para mim, que sou um pouco mais exigente, digo com toda a frontalidade, que nós só devemos fazer favores com aquilo que é nosso. Que seja o resultado do nosso suor ou herança do nosso berço. O Dinheiro de todos os Portugueses não pode, sob pretexto algum, ser usado para este tipo de actuações. É que tal atitude mancha a imagem do nomeado e de quem nomeou. Cá, se fosse comigo, não aceitaria nunca, como nunca aceitei na minha vida profissional, este tipo de nomeações, por entender que seria humilhante.
Já agora e por estar na ordem do dia, não posso deixar de comentar a forma egoísta e usurária, como se comportaram muitos dos accionistas portugueses, da Portugal Telecom, na Assembleia Geral da mesma, e que, sem pudor, sem pensar no País, nem nos Empregados, queriam vender a VIVO - subsidiária da PT - por uns trocos que a Telefónica ofereceu. Sabendo que ninguém dá nada a ninguém, o que é que esses Senhores pensam acerca da oferta dos espanhóis?
Mas, ao mesmo tempo que acontecem estas pequenas, grandes, coisas, ninguém fala nas privatizações que estão a desenvolver, de Empresas que dão lucro entregando-as a privados para irem buscar os lucros sem risco algum e mantêm o "cancros" que dão prejuízos constantes e permanentes, sob a alçada do Governo. Dá-se como exemplo, apenas a ANA que dá lucros e a REFER que dá prejuízos.
Que classe política estamos a alimentar? Para que precisamos de 230 deputados se a Constituição da República prevê que possam ser, apenas, 180?
Para que precisamos de tantos Ministros, Secretários de Estado, Assessores se o Estado não funciona. Se os técnicos que estão no terreno se "esfarrapam" para demonstrar ao Público que, afinal, as coisas não são tão negras.
Apesar de me esforçar por não querer fazer paralelismos, até porque os tempos e as circunstâncias são diferentes, não posso esquecer o final da 1ª República (1926) e toda a vigência da mesma, desde 1910. Por isso tenho medo.

8 comentários:

  1. Os elementos fazem-se sentir, mas os ventos que sopram não são de bonança.

    Abraço

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  2. Zé vim aqui parar por acaso mas, bendito acaso porque vejo que a tua maneira é semelhante à minha. Neste texto que publicaste eu subscrevo tudo. Sempre pensei, assim agi a vida toda, que as cunhas são para os inúteis e por isso recusei tudo que se parecesse com isso. Tudo o que consegui foi por mérito, por concurso e jamais quereria estar por nomeação. Claro está que ninguém consegue singrar neste país assim, é bicho raro, mas continuo com a consciência tranquila o que me permite apontar, coisa que nem todos podem. Acabei de ouvir que foram comprados 922 carros novos para directores e afins. Isto revolta mas, claro, fazem o que querem por saber que o povo português está na mão. A minoria que mantêm os olhos abertos e são livres nada conseguem fazer, apenas alertar, já que a maioria está comprada e até acha que o sacrifício é um mal melhor. Também tenho medo do fim deste país que penso que não estará longe. Não tarda que estejamos dentro de uma guerra civil e os nossos governantes continuam cegos a pensar que a paciência é ilimitada mas, quando a fome se instalar na maioria dos lares portugueses não haverá solução. Tudo era tão fácil, bastava cobrar esta crise a quem a criou e deixar em paz quem sempre trabalhou e pagou impostos.
    Um abraço

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  3. Excelente texto, reportando toda a ansiedade e receio que nos invade. Falou-me melhor do que eu sou capaz de me falar.
    É tudo!!!
    Obrigado.

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  4. Brown Eyes!
    Obrigado por passares por este recanto para o qual te convido a seguires e a dares o teu contributo. Enrique-o e enriquece-nos aos dois.
    Obrigado também pelas palavras e pelo sentir o que me dá alento para continuar a denunciar os atropelos à Lei e à Ética.
    Já agora porque não vão buscar os 5 mil milhões de Euros que injectaram no BPN. Que tal?
    Abraço e espero mais visitas.

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  5. Ora viva amigo Serrano!
    Obrigado pelas palavras e incentivo. Obrigado por passar por aqui. Quantos mais formos mais força teremos.
    Um abraço amigo
    Caldeira

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  6. É verdade Agostinho os ventos não sopram de bonança mas talvez, se nós mudarmos as velas e as elevar até ao topo do mastro, consigamos fazer com que ele nos leve a Bom Porto.
    Abraço
    Caldeira

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  7. Primeiro, tenho de felicitá-lo pelo conteúdo do seu texto. Mais uma realidade (de muitas), sem qualquer ficção pelo meio ou entrelinhas. Impossível não reflectir, com tantos exemplos concretos a apontar (infelizmente!). Só não os vê (corrijo, só finge que não vê!) quem está bem acomodado, claro!
    Zé, é este o caminho, despertar consciências para mudar atitudes!!!
    Parabéns! É preciso ter talento e conhecimento de longa experiência para fazer uso da linguagem com essa frontalidade e lucidez!
    Abraço amigo

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  8. JB!
    Fico sem jeito com tantos elogios. Muito obrigado. Sabe! Eu sou daquelas pessoas que vive inquieto, sempre preocupado com todas aquelas pessoas que até do ar têm medo. Preocupo-me com os mais desfavorecidos. Com os analfabetos a quem os "manga de alpaca", às vezes simples contínuos ou escriturários de Serviços Públicos, fazem gato sapato, pedindo agora um papel e na próxima vez outro, como se estivessem a fazer um favor a quem, na realidade, é o seu patrão porque é com os seus impostos que eles recebem os ordenados. Em vez de serem servidores do público transformam-se, perante estes seres indefesos, em carrascos do público. Este é um exemplo, apenas, da inversão de valores com os quais não pactuo e me rebelo. Nas minhas aulas de História e Cidadania que lecciono na Universidade Sénior da Covilhã, a título voluntário e totalmente gratuito pondo "linhas do bolso", porque me desloco 40 Km para cada lado, uma vez por semana, farto-me de insistir no dever de exercer, em plenitude e responsabilidade, essa cidadania. Eu chamei-lhe aulas. Peço perdão. Não são aulas, são conversas interactivas onde as opiniões são livres e discutidas com frontalidade sem, contudo, se ultrapassar a fronteira da educação e do respeito pelo outro e pela opinião própria, mesmo que divergente. Sugiro-lhe um artigo, que escrevi há anos, para me conhecer melhor. Ali está muito do que penso e sinto, desde sempre: Escola Para Todos - Formação Pessoal e Social
    Os nossos agradecimentos ao Dr. José Rainho Caldeira pela colaboração. E já agora, para si que nos está a ler: Estamos à espera do seu artigo!
    http://www.malhatlantica.pt/ecae-cm/Escola%20para%20todos.htm Pré-visualizar "http://www.malhatlantica.pt/ecae-cm/Escola%20para%20todos.htm"
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    Peço desculpa de me ter alongado mas este desabafo faz-me bem. Obrigado por ter a paciência de me "ouvir".
    Um grande abraço amigo
    Caldeira

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