sábado, 9 de outubro de 2010

Férias

Passo o ano inteiro a cuidar dos meus "velhotes" com prazer e dedicação. Com desgaste permanente. Hoje por uma pequena maleita, amanhã por outra de maior gravidade, Tudo por causa do "caruncho" dos noventa anos e de uma vida difícil, cansativa, de trabalho intenso e de muita, muita aventura.
Este ano, já no fim do Verão, resolvi que eu e, principalmente a minha mulher - as mulheres são sempre as mais castigadas pela vida - estávamos a precisar de descansar. Os "velhotes" estavam bem, dentro da normalidade possível e decidi. De um dia para o outro. Telefonei à minha filha mais velha e disse-lhe: - Filha marca uma viagem para a Madeira para mim e para a mãe. Escolhe um bom Hotel e o mais próximo do centro do Funchal, possível. Diz quanto é que te tenho que transferir.
Esta minha filha é expert em viagens. Faz, pelo menos, duas por ano para o estrangeiro. Tratou tudo com muito carinho, apoiou a ideia e guardou o segredo que lhe pedi. "Não digas nada à mãe, é surpresa".
No dia 25 de Setembro disse à minha mulher: Vamos até Lisboa, descansar uns dias. E os teus pais, perguntou ela? Não te preocupes. Eles ficam bem.
Prepara lá roupa para uns dez dias mas não exageres eu quero andar à vontade e não faz frio. É preciso pouca roupa.
No Sábado, pelas 10 horas metemo-nos no nosso carro grande - ah! é preciso dizer, no dia a dia andamos com um renault tuwingo que é dela e com o qual ela se atreve a andar, no grande nem pensar, então o outro está na garagem de um cunhado meu aqui perto e só o utilizamos em viagens maiores - e rumámos a Lisboa. Há uma da tarde estávamos junto das nossas filhas e fomos almoçar. Depois lá confessei à Teresa - Teresa é minha mulher - vamos embarcar 2ª Feira às 9H00 para o Funchal. Ficou estupefacta mas senti que, também, contente.
Depois de uma viagem de pouco mais do que uma hora chegámos ao Funchal onde nos esperava a agência de viagens que nos conduziu ao Hotel.
Conhecia, julgava eu, razoavelmente o Funchal, pois parei lá umas quatro vezes  e a última foi em 1973. Como estava enganado. As estradas em esses que eu conhecia só esporadicamente apareciam. Agora tudo é via rápida, tipo autoestrada, com túneis por todo o lado. Disseram-me que são 253. Como já eram horas de almoço deixámos as malas e dirigimo-nos à parte velha da cidade. Porque era a parte que eu conhecia melhor e porque, em regra, as partes velhas das cidades é que têm os melhores restaurantes.
A Teresa não conhecia aquilo, porque sempre fez viagens de avião, para e de Angola e ficou admirada com as flores, com o verde, com a simpatia das pessoas madeirenses. Tenho que confessar que também eu fiquei surpreso, por razões triviais. Não vi um papel no chão, tudo esmeradamente limpo, muita polícia estrategicamente colocada nos passeios e nos locais mais frequentados, enfim, um lugar aprazível.
Demos umas voltas começando por visitar a Igreja do Colégio - assim designada agora, mas que fora a Igreja dos Jesuítas - linda por fora e especialmente por dentro. Depois um Museu de Arte Sacra onde vimos as melhores peças que já tínhamos observado. Um pouco cansados, fomos jantar e escolhemos outro restaurante para conhecermos. Chegados ao Hotel estava à nossa espera uma representante da agência de viagens para nos propor um pacote de visitas. Aliás, pacote que eu já tinha visto num desdobrável de publicidade.
Questionei a minha mulher sobre o seu interesse, ainda que eu já tivesse decidido interiormente. Aceitámos o pacote. Pagámos e no dia seguinte lá fomos para os diferentes pontos do Arquipélago. Porto Santo, num navio espectacular de conforto e rapidez. Em carrinhas com um máximo de 14 pessoas, para outros locais típicos da Madeira, que por serem sempre as mesmas, até nos permitiu fazer amizades.
Foram 8 dias de uma verdadeira Lua de Mel. A minha mulher adorou e eu fiquei feliz por lhe ter proporcionado esta alegria.

9 comentários:

  1. E eu fico também feliz por poder viajar até à Madeira através das suas palavras. É um local de maravilhas, que ainda não tive o prazer de conhecer.
    Pela emoção transmitida, foi uma viagem que fica para recordar e uma bela surpresa para a sua esposa!

    Beijinhos

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  2. Vale pena ir até lá. Concorde-se ou não com o João ele fez de uma das regiões mais pobres deste País um verdadeiro Paraíso, nestes últimos trinta anos. Não só pelas obras realizadas mas pela cultura que incutiu no seu povo. Desde logo pelo apoio incondicional que deu aos profesores e pelos valores que procura transmitir a todos os madeirenses.
    Acredite que a minha mulher, que é muito exigente, não se cansou de me dizer que gostou muito.
    Beijinhos
    Caldeira

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  3. E lá segui eu a sua viagem, caro Caldeira.Foi como se estivesse a rever a Madeira onde também estive no tempo das rosas e dos beijos.
    Muito terna esta sua abertura para os amigos, cofidenciando-nos a sua vida familiar.
    Muito obrigada.

    P.S Um beijo para os seus pais e esposa.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Zé, esta tua viagem faz-me recuar no tempo, pois foi na Madeira que iniciei a minha actividade profissional. Pelo que dizes aquilo está muito diferente, pois na altura era uma verdadeira odisseia percorrer as estradas da ilha, cheias de curvas e curvinhas. Com mais dois colegas cheguei a percorrer metade da ilha à boleia (fomos de barco para a Ribeira Brava e daí, sempre a esticar o braço, rumámos a S. Vicente, S. Jorge, Santana e, finalmente, Funchal) um hábito desconhecido para os madeirenses, que nos olhavam com olhos esbugalhados. Éramos "cubanos" e bastava.
    Tantas histórias que por lá ficaram!

    Um abraço

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  6. Bem-Haja Ibel por passar por aqui e pelo miminho para com os meus pais e a minha mulher. É gratificante quando somos capazes de nos distanciarmos de nós próprios e conseguirmos revelar o que nos vai na alma. Quando se fazem estes desabafos para os amigos ainda é melhor.
    Fico-lhe muito grato.
    Beijinho
    Caldeira

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  7. Olá Agostinho!
    Acredita que eu também fiquei admirado com o que vi. Como já referi noutro comentário, a última vez que lá estive (1973) aquilo era uma miséria. Hoje é um luxo. Mais, é uma Ilha limpa, segura, vê-se um policia a cada esquina, não para multar mas para dar segurança, e vai-se de uma ponta à outra da ilha em pouco mais de meia hora. E a recuperação da catástrofe de 20 de Fevereiro último é um verdadeiro milagre. Nem parece Portugal com as obras de Santa Engrácia. Ali tudo foi rapidez e eficácia. Só te digo fiquei tonto com tanto desenvolvimento a todos o níveis. Até culturalmente aquele povo evoluiu de forma notável. Gente educada, prestativa e poligolota.
    Olha que o Jardim conseguiu maravilhas com os professores. Falei com alguns e todos me pareceram que ele os tem em alta conta e lhe dá o verdadeiro valor. Foi, pelo menos, a impressão que me deu e, como sabes, não aprecio nada as maneiras do dito Senhor.
    Um abraço
    Caldeira

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  8. Zé, pois eu viajei convosco enquanto lia... este anos já lá estive uns dias aproveitando o 1º de Maio mais uns pozinhos de perlimpimpim.(na altura postei algumas das fotografias que por lá tirei...
    Fez muito bem em ter ido com a sua esposa viajar. e ainda bem que tudo correu bem e e vieram satisfeitos.
    beijo

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  9. Gostámos muito e viemos felizes. Ainda bem que que a Em@ recordou a sua passagem por lá. Está maravilhosa a Ilha, não está?
    Beijos

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