quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Simbólico

 
Desde tempos imemoriais e desde que o Mundo é Mundo sempre coexistiram duas espécies de seres humanos. Os cumpridores da Lei e os que dela fazem tábua-rasa, atropelando tudo e todos, sem olhar a meios. Talvez por isso tenha havido a necessidade de, em qualquer aglomerado populacional, se erguerem monumentos como o que se apresenta. Reparem que não estamos a falar de Bons e de Maus porque estes adjectivos, muitas vezes, não passam de etiquetas que se colam a pessoas, de forma indistinta, aleatoriamente e sem critério. Falamos de seres sociais que vivem segundo regras que, no seu conjunto, as cumprem ou as ignoram. Depois, já se sabe, existem uns seres nomeados  pelo Poder que se encarregam de fazer cumprir os regulamentos e de punir as infracções.
Noutros tempos a justiça era cega e surda mas regida pelo equilíbrio. Tudo isto simbolizado numa mulher imponente, de olhos vendados, segurando uma balança de pratos. A forca, popularmente designado o Pelourinho apresentado, servia para castigar com a morte o prevaricador. Nos dias de hoje, felizmente, estes símbolos apenas são marcos históricos onde se praticaram muitas injustiças, já que não cabe ao homem retirar a vida ao seu semelhante. Porém é, também, um símbolo pedagógico. Atemoriza e, consequentemente, ajuda a refrear instintos menos humanos e mais bestiais - de besta - está claro.
Pelo que assistimos, no País e no Mundo, este instrumento simbólico já não tem o efeito pedagógico que lhe era subjacente. E porquê? Porque os criminosos são os detentores do Poder e, por isso, não se castigam a si próprios, apesar das enormidades que cometem.
Deixou de haver justiça porque se valorizam os expedientes para adquirir por meios mais ou menos ilícitos tudo o que contribua para o seu bem-estar e opulência.  Enquanto isso, a sociedade vai sofrendo horrores de miséria e de fome. Para os criminosos que ocupam lugar de destaque social nunca houve e nunca haverá justiça porque nunca serão castigados.

10 comentários:

  1. Não sou a favor da pena de morte porque, nem sempre, é encontrado o culpado e pode muito bem acontecer ser morto um inocente mas apenas por isto. Há crimes que são tão fortes que deviam ter um castigo severo, como a prisão perpétua, castigo de possível rectificação. Hoje os corruptos não temem a justiça, os outros continuam a teme-la. Esses tais não a temem porquê? Como dizes e bem porque são os que estão ligados ao poder ou têm poder. Caminhamos a passos largos para um mundo sem rei nem roque porque os que deviam dar "bons" exemplos estão a dar "maus" exemplos. As crianças e os adolescentes tendem a seguir os maus exemplos, o caminho fácil, o que nos faz ter uma noção deste mundo daqui a uns anos. Começa já a delinear-se e podemos com o esboço adivinha-lo. A responsabilidade devia ser algo imputado a todos mas, os que têm o poder, parece terem sido isentados dela e a culpa é sempre de alguém, menos deles. A crise que atravessamos é culpa de uma crise generalizada, mundial, não de fulanos interesseiros, calculistas, mal formados, oportunistas e irresponsáveis. É assim que se vê tudo, com enorme facilidade e atirando a culpa para cima de outrem. Beijinhos

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  2. É a verdade dura como punhos (sem renda). Os Xicos Espertos fazem de nós almas amarguradas e sofridas. Temos um cretino que sendo um playboy irresponsável, toda a sua vida, desde adolescente, amparado na sua boémia pelo pai, arquitecto de profissão, que o colocou na Cãmara para poder ganhar uns trocos, não se sabe nem como, nem porquê ascendeu a tão alto cargo. Não é competente. Não é honesto. Não é sério nas palavras nem nas atitudes. Para que serve esta alimária. Para nos roubar e se rodear de boys que lhe seguem as suas pisadas.
    Quando quem governa um País deixa de pensar nas pessoas e se torna num aparelho partidário que se transforma num exército eleitoral e tachista, nada mais se pode esperar. A não ser o tal desígnio de Sodoma e Gomorra que deixaste na resposta ao meu comentário.
    Beijinhos
    Caldeira

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  3. Zé,
    Tenho de confessar... já sentia falta deste desnudar da verdade, destes temas que nos aguçam o desejo de GRITAR para que os surdos simulados saibam que não andamos de olhos vendados.
    Tenho de dizer que também tenho algum receio da pena de morte pelo motivo que a Brown Eyes referiu (e no dia-a-dia as injustiçãs já são tantas que ao culpar são demasiados os equívocos que se cometem). Mas temos muita falta de uma JUSTIÇA que consiga acusar e castigar os culpados colocados no "melhor" patamar de toda esta rede de ... (não posso dizer... :)

    Obrigada pelas palavras sempre carinhosas e muito gratificantes que me dedicou lá no cantinho azul.

    É bom tê-lo de volta!
    Beijinhos, Zé!

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  4. JB,
    Obrigado por passar por aqui. Ainda não tive tempo de contar coisas mais agradáveis. Achei mais pertinente abordar estes assuntos que estão na ordem do dia e mexem no bolso de cada um de nós.
    Mas vamos ter oportunidade para algumas confissões sobre as férias maravilhosas, ainda que cansativas.
    Beijinho amigo
    Caldeira

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  5. Os detentores do poder político - e há outros poderes ainda mais fortes - eleitos por muitos de nós, criaram uma teia "legal" que torna "IMPOSSIVEL" julgar e condenar um criminoso "bem colocado na vida".
    Alguns dos nossos advogados "jogam" este "jogo" descarado e obsceno.

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  6. É verdade. Hoje há advogados que se especializaram em defender criminosos de alta perigosidade. São bem pagos para isso e, em geral, estão colados aos diferentes poderes: político, económico, judicial, etc.
    Um abraço
    Caldeira

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  7. Fico contente que tenha regressado. Nestes últimos dias também eu andei um pouco ausente da blogosfera. Embora nem sempre comente, gosto muito de ler os textos que partilha neste espaço, textos que denotam uma preocupação social a meu ver muito genuína, verdadeiramente admirável.
    Quero também agradecer-lhe pelos comentários que deixou no Didascália, deixaram-me feliz e sossegada.

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  8. Zé,
    o problema está precisamente aí.no facto dos que devem dar o exemplo e regularem a justiça, serem os primeiros a prevaricar e, ainda por cima, a ficarem impunes. receio, muito, que este estado de coisas nos leve a extremos!
    já lhe tinha dado conta do meu contentamento pelo seu regresso.
    saúde e paz!

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  9. Zé,
    Já muito foi dito, e bem, no teu texto e nos comentários que se seguiram. Mas abordemos a questão por um outro prisma. Um povo que elege representantes destes não fica muito bem na fotografia. É que não basta esperar que apareça alguém que seja referência ao nível da governação, é necessário forjar esse tipo de pessoas. Como vês, infelizmente muitos de nós também têm culpa no cartório.

    Abraço

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  10. Tens razão Agostinho, principalmente nós, professores que deveríamos estar e, porventura estivemos ou estamos preocupados com as novas gerações e a sua formação.
    Mas sabes que para mim há uma certa confusão na definição da classe política. Eu entendo que se deveria definir como classe partidária já que há políticos capazes de serem independentes, pelo menos na sua consciência e outros que são robots à ordem do chefe.
    Abraço
    Caldeira

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