sábado, 4 de dezembro de 2010

O Altar

Altar da Sé do Porto


O Altar,
Símbolo de imolação e sofrimento,
De oração e de lamento,
De muito pedido, pouco agradecimento,
Lugar de repouso e de tormento.

Num mar, ora revolto ora chão,
Em ondas de chamamento,
Onde repousa o olhar,
E se espraia o sentimento.

Na cidade de correria, multidão,
Com pressa a correr ao empurrão,
Desconhecendo o destino
Ou o caminho, que nos leve à Estação.

E para quê tudo isso, se um dia,
Sem conhecer a hora ou o momento,
Se vai de nós todo o alento,
Ficando apenas pó e melancolia.

É nestes instantes de dor,
Que nos lembramos do Senhor,
Que nasceu p'ra nos Salvar,
Em tempo de Advento.

Fora a vida vivida em rectidão,
De apoio e respeito ao irmão.
Talvez o dia do chamamento
Fosse de menos tristeza e lamento.

 A consciência do dever cumprido,
Que o nascer teve sentido.
E nos fez Homens de verdade
Sem medo da Eternidade.
  






8 comentários:

  1. Catarina,
    Obrigado pela simpatia. Isto são apenas tentativas de abordagem à poesia, estilo em que sou mesmo analfabeto.
    Bjs
    Caldeira

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  2. Se não me dissesse, Zé, eu não me aperceberia! Continue... Bom fim de semana.

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  3. Zé, que surpresa maravilhosa, este poema é lindo! o altar é um lugar onde deixamos o nosso EU, certa vez fiz um poema chamado "Sacrificio" mas é uma renúncia, o seu é bem mais bonito.
    E você ainda diz que não sabe versejar.
    Beijos.

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  4. Silviah,
    Bem-Haja pelo incentivo. Como já disse, adoro poesia mas não a sei construir. Tento, é verdade, mas tenho a consciência das minhas fragilidades, nesta área.
    Sempre que escrevo, e sinto uma necessidade compulsiva, de o fazer exponho-me total e transparentemente. Sou eu mesmo. Digo tudo o que penso e sinto. É a minha alma desnudada.
    Fico-lhe muito grato pelas palavras e por passar por aqui.
    Beijo
    Caldeira

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  5. Zé,

    Não sei explicar as razões... mas desde pequena que frente a um altar fico sem voz, sem palavras, sem corpo... apenas o olhar fica vivo perante esse mistério divino que me percorre o interior...

    Percorreu-me também o interior este seu poema sublime! Um caminho traçado do Homem a Deus que a fé nos motiva a percorrer.
    Emocionam, tocam-nos as suas palavras e sei que o que escreve e que nós lemos é a sua "alma desnudada", como diz no comentário anterior. Por isso, independentemente da forma, o conteúdo, a essência do seu sentir são absorvidos por pessoas, comoo eu, que gostam tanto de aqui estar!

    Um grande beijinho

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  6. JB,
    Que prazer tê-la por aqui. Sabe como a aprecio.
    É sempre uma bênção ler tudo o que diz porque sinto que é autêntico, verdadeiro. É também, uma alma desnudada que fala e eu só posso agradecer, com quem tento aprender tanto.
    Um beijinho grande.
    Caldeira

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  7. Símbolo de muito pedido e pouco agradecimento, isso é mesmo à português.:) Depois de servidos esquecem-se logo do que lhe fizeram. Beijinhos

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