quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Os Conjurados

Ontem, dia 1 de Dezembro, não foi possível escrever, sabe-se lá porquê? Tinha vontade. Mais, senti necessidade, mas não consegui. Falta de inspiração, preocupações domésticas, ou sei lá o quê. De facto aconteceu. Não escrevi nada. No entanto, era importante. Comemorou-se um dia determinante para a Pátria portuguesa. Eu disse Pátria, não disse País. Cá tenho as minhas razões, que não são, por agora, para escalpelizar.
Vamos lá ao título da "crónica". Em 1 de Dezembro de 1640, o Povo liderado pelos Conjurados, tomou nas próprias mãos o seu destino. A incerteza, a aventura, foram mais fortes que os medos que durante sessenta anos sofreram e, tudo o que viesse a seguir, seria sempre preferível à falta de liberdade e à prepotência dos estrangeiros (Os Filipes de Espanha).
Quem acompanha, com algum discernimento, a crise que se viveu à época, conclui com facilidade, como os Governantes delapidavam, constante e sistematicamente, o património Nacional e destruíam, a pouco e pouco, a Pátria Portuguesa. E cá estou outra vez a falar de Pátria e não de País. Outro dia, vou dizer a todos os meus amigo(a)s qual a diferença que existe entre Pátria e País. Hoje falamos, apenas de Pátria.
A saudosa Natália Correia, poetisa e escritora de alto gabarito, até lhe chamava Mátria, dando-lhe um sentido feminino e maternal, próprio de quem apreciava a sensibilidade e o amor a uma Terra, a uma Nação.
Nos dias que vivemos precisávamos de outros conjurados, para derrubar um regime podre, um País de inaptos, de delapidadores do património comum, de insensatos, de incompetentes, de oportunistas e de abusadores, inqualificáveis,  da (res)pública.
Necessitamos, como pão para a boca, de  uma mudança total e absoluta. De, em linguagem corrente, uma nova revolução, antes que surja a revolta, o caos, a anarquia. A fome não é boa conselheira e o que está a acontecer à nossa sociedade é que, cada vez mais, há fome no País. Crianças que só comem refeições, quentes, na escola. Pais desempregados e com encargos que não podem cumprir. Desespero de vidas que já o foram e, de repente, deixaram de o ser.
Ninguém atento, poderá ser insensível a estes aspectos, que minam qualquer regime. Que trazem para as consciências inquietações adormecidas.
Ninguém de bom senso pode aceitar que o Partido do Governo e os outros Partidos da área governativa, chumbem uma proposta do PCP, na Assembleia da República, que faria arrecadar, em impostos, alguns milhões de Euros, pagos por especuladores endinheirados, com vidas faustosas. Ao contrário não tiveram pejo em aceitar cortes em salários dos funcionários públicos, congelamento de pensões de, mais ou menos, trezentos Euros mensais, de retirar abonos de família, de sacrifícios a todos os portugueses, com o aumento de IVA, e outros. 
Já viram como são imprescindíveis conjurados para mudar toda esta porcaria que emporcalha e destrói uma Pátria?
Vamos continuar a apreciar e a criticar o que vivemos. Hoje ficamos por aqui. 

6 comentários:

  1. Caro Zé

    O Poder corrompe!
    E a maioria dos nossos compatriotas escudam-se atrás de partidos, e degladiam-se entre si, quais adeptos de futebol, que defendem acima de tudo e de todos, encontrando sempre uma razão lógica para este ou aquele procedimento.
    Às vezes penso que as maiorias revêem-se nos políticos que temos, e qual abutre, espreita e aguarda a hora do seu repasto...

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  2. Ora viva Fenix,
    O Poder corrompe e aniquila consciências. Os abutres estão sempre prontos a cair sobre os cadáveres. É, porventura, por essa razão que estamos a atravessar uma crise tão injusta como é injusta a governação de há anos a esta parte. Os pagantes são sempre os mesmos (os pobres) enquanto que os milionários, cada vez mais, esbulham os desgraçados.
    Seguramente, não são estes os políticos que merecemos, mas são, infelizmente, os que temos.
    A maioria é corrupta, vil, sem escrúpulos e sem valores. Por isso é preciso a revolta.
    Bom fim de semana
    Caldeira

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  3. Com sentida oportunidade aqui vem o tratamento, em paralelo, da situação vivida há 370 anos e a de hoje: os "espanhóis" são outros, mas a miséria pode andar próxima da que se vivia no séc. XVII, uma autêntica bomba que, ao explodir, vai causar ainda muito maior sofrimento do que aquele que já suportamos.

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  4. Amigo Serrano;
    De crise em crise cá vai andando este Portugal tornado País por alguns e esquecido pelos mesmos com Pátria, Nação.
    Temos conseguido passar por entre os pingos de chuva mas, desta vez, somos capaz de levar com a borrasca.
    Um grande abraço
    Caldeira

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  5. Precisávamos de outros conjurados mas, não existem. Nem o facto de saberem que há crianças com fome os faz terem consciência. Os graúdos, os que têm poder de decisão, de movimentar massas foram bem comprados e por isso não se mexem. Resta-nos a revolta popular e a fome falo-a tomarem uma decisão. Beijinhos

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