quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Padroeira de Portugal

De crise em crise vai, andando, Portugal.
Nação valente e imortal, muitos séculos de História.
Com conquistas, derrotas e vitórias.
Uniões de conveniência,
Para a sobrevivência da Coroa e do Reino.
Através da sucessão do primogénito varão.

Da Europa a mais antiga, Nação
Vivia obstinada, com as regras da sucessão.
A morte prematura do desejado, D. Sebastião,
Teve de ser seu substituto, o velho tio, Cardeal,
Ainda que normal, não seria a solução.
Numa hierarquia definida, qual pirâmide invertida.

O Clero, Nobreza e o Povo.
Um a abençoar, outro a mandar o último a aceitar.
Por razões invariáveis e ainda insondáveis,
Chega sempre, um dia que, obedecer
Se torna insuportável e faz aparecer,
Raivas incontroláveis.

Quando um Filipe Castelhano,
Veio a assumir como soberano,
O reino de Portugal.
Foi assim por sessenta anos,
Com esperança e desenganos,
Até que o povo se fartou.

De ver o que já se adivinhava,
E tinha de acontecer,
Enriquecia Castela,
Portugal a empobrecer.
O País deixou de o ser,
E, a governação de Castela, aliada.

Na tarefa obstinada, de uma só penada,
Explorar, vender, património e o Ultramar.
Até ao pobre Povo, sofredor, subjugar.
Ninguém aguenta por muito tempo,
Tanto e tão grande sofrimento e daí o desalento,
Que leva ao levantamento e as armas usar.

Em vésperas de Natal, lá vão os vendidos,
Como se fossem validos,
Para a Corte vencedora,
Com mordomias recebidos.
Na regência e no comando foi ficando,
A duquesa de Mântua e seu protegido.

Foi então que quarenta patriotas, fartos dos agiotas,
Resolveram de uma vez, acabar com a altivez,
De quem se julga dono e senhor,
Doutro povo que, com fervor,
Não aceitava a aleivosia, e menos a teimosia,
De quem a desfaçatez, raiava  a heresia.

O palácio assumiram, prendendo a duquesa,
Matando, o déspota, valido.
E na varanda proclamaram, no dia um de Dezembro,
De mil seiscentos e quarenta,
De novo a Independência, desse Portugal sofrido.

Tiveram de convencer um Nobre indeciso,
Seu nome D. João, descendente dos Braganças,
P'ra assumir a liderança, da Nação que se erguia,
Sobre a ruínas construía, dignidade e esperança,
De voltar a ser quem era, mesmo na sua inconstância.

O novo Rei democrata, resolve naquela data,
Pedir aos súbditos opinião, sobre os desígnios da Nação,
Perguntando coisas simples: Se queriam ser portugueses,
E à Senhora da Conceição adorada,
Prestar desde ai a vassalagem,
À mãe de Jesus, Deus, que em Vila Viçosa, morava.

E em mil seiscentos e quarenta e seis
Obedecendo aos resultados,
Do plesbicito efectuado,
Ali foi depositar a sua coroa real.
E, doravante, em Portugal,
Jamais, rei algum, teve o símbolo usual.
Ficou para sempre, a coroa,
Na cabeça imaculada,
Da Rainha imortal.
Nossa Senhora da Conceição,
De Vila Viçosa "caleada",
Padroeira de Portugal.

11 comentários:

  1. Caro Zé,

    Parabéns pelo trabalho poético.

    Deduzo que os nossos governantes além da coroa, depositaram também a governação nas mãos da Padroeira.

    Beijinhos
    Ana Almeida

    ResponderEliminar
  2. Ana,
    Se os governantes tivessem depositado a governação da Padroeira, certamente, estaríamos bem melhor do que estamos.
    Assim, com estes palhaços estamos cada vez mais no fosso.
    Beijinho
    Caldeira

    ResponderEliminar
  3. Zé,
    Um pouco da nossa história em poesia! Que melhor pode haver a não ser desfrutar e ler, ler e reler...
    Não é nada fácil transmitir factos reais em versos divinais! Acredite que é uma arte!

    Quanto à interpretação do meu poema, fê-la muito bem e acho que é mesmo preciso que os seres entendam e se consciencializem que no mundo, a cada segundo, há tanta tristeza...só as atitudes podem ser resposta à pergunta "Porquê?"

    Um grande beijinho e não páre de versejar!

    ResponderEliminar
  4. Gostei de ler a nossa História em verso. Parabéns, Zé!
    beijinho e continua a versejar.

    ResponderEliminar
  5. Eu há uns tempos dediquei-me à arte sacra e pintei uma Nª Srª da Conceição,com um acabamento envelhecido,e que até postei no blogue no ano passado.
    beijo

    ResponderEliminar
  6. JB,
    Bem-Haja por ter passado por aqui. Melhor ainda por ter gostado. Eu continuo com a sensação de que me falta qualquer coisa. Mas sou teimoso e gostava de aprender a versejar. E como o caminho faz-se caminhando, vou tentando aprender a cada poema.
    Ainda bem que interpretei bem o sentimento do seu poema. Fico feliz. Mas, isso só foi possível, porque a sua capacidade de transmitir sentimentos é sublime.
    Muitos beijinhos.
    Caldeira

    ResponderEliminar
  7. Em@,
    Obrigado pelo incentivo. Acredita que eu preciso. Tenho vontade, mas também tenho a consciência de que preciso aprender muito.
    Logo que possa vou ao teu blogue ver se descubro a N. Sª. da Conceição pintada por ti.
    Beijinho grande
    Caldeira

    ResponderEliminar
  8. Zé,
    Gostei muito de rever este pedaço da nossa História pelos seus versos. E, à semelhança da JB, acredito que não seja fácil vestir-La de versos, mas que ficou bonita, lá isso ficou.
    Um beijinho

    ResponderEliminar
  9. E.A.
    Muito obrigado por ter gostado.
    Um beijinho.
    Caldeira

    ResponderEliminar
  10. Zé excelente este teu post, estes versos homenageando a padroeira. Beijinhos

    ResponderEliminar
  11. Brown Eyes,
    Obrigado por teres gostado. Sabes que não sabendo versejar sinto necessidade de teimar e insistir para aprender. Assim, qualquer tema serve para tentar. E, como estamos na data comemorativa lembrei-me de de postar esta mensagem.
    Beijinho
    Caldeira

    ResponderEliminar