Decorriam as duas últimas décadas
da monarquia constitucional, com um Rei intelectualmente superior, um
investigador, um pintor, um homem da cultura e um governo que desde a
Constituição de 1822 alternava entre dois Partidos Políticos devidamente
legalizados.
Tempos conturbados, com um Partido
Republicano com alguma importância e implantação em Lisboa, que tudo fazia para
derrubar a Monarquia.
Havia inimigos internos do regime
monárquico mas os externos ainda eram mais e com maior poder.
Daí que a vida do penúltimo Rei de
Portugal não tenha sido nenhum mar de rosas. Ele que sofreu diversos
contratempos num reinado que pretendia que fosse mais ligado aos prazeres da
investigação marítima, à pintura, à caça e ao galanteio às mulheres do que à
tarefa maçadora da governação.
Desde logo o Ultimato Inglês país
com quem Portugal tinha a mais antiga aliança, ainda que não fosse, necessariamente,
a melhor aliança.
Este Ultimato foi motivado pelo
célebre Mapa Cor-de-Rosa estabelecido entre Portugal e Espanha, que dividia as
possessões ultramarinas entre estes dois Países. Sendo este acto um direito de
ambos, porque foram eles os descobridores e primeiros povoadores dos territórios
descobertos, mas tal deixava de fora a cobiça da maior parte dos países da
Europa que via naqueles territórios uma fonte de rendimentos, sem esforço.
Com amigos destes quem é que
precisa de inimigos.
Mas as coisas são como são e os
pobres, os pequenos, os indefesos são muito vulneráveis à inveja e ao poder dos
ricos e poderosos.
Internamente e como acima se disse
o Partido Republicano procurava deitar as garras de fora daí a Revolução de 31
de Janeiro.
Para o descontentamento popular e
para reforçar o ideal republicano muito contribui João Franco Presidente do Governo,
com o seu caciquismo e os seus laivos ditatoriais.
Acresce a todas estas diatribes
internas as revoltas do Ultramar, desde a Guiné a Timor e consequente repressão
pelos Governadores locais, representantes do Rei.
Mas, mesmo que em lume brando a
revolta ia-se instalando, muito devido à numerosa e cada vez mais parasitária
Corte Real, enquanto os trabalhadores e os operários cada vez viviam com mais
dificuldades, muitos deles no limiar da sobrevivência.
Daí até nova tentativa de revolução
fosse um passo muito curto que, desta vez, foi gorada em 21 de Janeira de 1908.
Não resolvendo o problema serviu de incubadora para uma aliança espúria
entre a Maçonaria e a Carbonária e para o trágico acontecimento do Regicídio
com o assassinato de D. Carlos e seu filho D. Luís Filipe em pleno Terreiro do
Paço em Fevereiro desse mesmo ano.
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