segunda-feira, 24 de abril de 2023

Degradação!

 

DEGRADAÇÃO!

 

Nos últimos dias temos assistido a factos que não cabem nem no imaginário mais criativo.

O Governo, através das suas ministras da Presidência e dos Assuntos parlamentares, respectivamente Mariana Vieira da Silva e Ana Catarina Mendes afirma, oralmente e por escrito, que o governo não entrega, à CPI (Comissão Permanente de Inquérito), o parecer que fundamenta o despedimento da CEO da TAP e do Presidente da mesma empresa, porque a sua divulgação pode prejudicar o interesse público. Por sua vez, o ministro das Finanças, Fernando Medina, afirma perante os deputados no Parlamento, que não há parecer nenhum e é essa a razão de não o poder apresentar.

Em que é que ficamos? Há ou não há parecer? Se há, o ministro das finanças mentiu aos representantes do povo, logo mentiu ao povo e a um servidor do povo não lhe é permitido que minta.  Se não há parecer o ministro diz a verdade e cumpre assim o seu dever, mas, então, as ministras mentiram. E, se mentiram, têm de ser penalizadas, porque não estão a cumprir com os deveres de lealdade para com o povo português.

Na conjuntura actual em que a pobreza extrema apresenta números muito preocupantes o Estado, todos nós contribuintes, não se pode dar ao luxo de desperdiçar dinheiro com, eventuais, condenações em tribunal que, ao que tudo indica, é o que vai acontecer e que vai fazer ver à populaça, que a indemnização à administradora que foi despedia da TAP, Alexandra Reis, são trocos, comparados com os milhões que vão ter que pagar à CEO despedida na televisão por dois ministros com pouco sentido de Estado, para dizer o mínimo.

O actual governo demonstra-nos, à evidência, que confunde e mistura os interesses do Partido com os interesses do país e, na maioria das vezes, em favor daquele e em detrimento deste.

Já vivemos situação similar em épocas recuadas e o resultado nunca foi bom. Lembremo-nos de Afonso Costa, o homem do chicote de nove rabos, de Salazar, entre outros. Temos exemplos de outras latitudes e doutros tempos em que o rei dizia que o estado sou eu – Luis XIV, L’ Etat c’est moi – numa demonstração de poder absoluto e as coisas também não correram bem.

Numa altura em que celebramos mais tempo de liberdade, conquistada com o 25 de Abril de 1974, do que durou a ditadura do Estado Novo assistimos, com muita desilusão, a esta degradação governativa e presenciamos, cada vez maior, autoritarismo, a todos os títulos reprovável. Vemos um silêncio ensurdecedor do PM. Sentimos um poder musculado para com os contestatários, que são muitos, desde professores a médicos, de agricultores a inquilinos e senhorios, de empresários a trabalhadores dos mais diversos sectores de actividade.

Damos conta do desmantelamento do serviço nacional de saúde, da destruição da escola pública, do desprestigio da justiça, das forças armadas, das forças de segurança, de tudo aquilo que é o alicerce de uma verdadeira e autêntica democracia e não podemos assobiar para o lado.

Quando o 25 de Abril de 1974 faz 49 anos não podemos deixar de questionar a classe dirigente sobre o que é que andam a fazer? O que esperam que aconteça para arrepiarem caminho? E, sobretudo, pedir-lhe que não façam de nós otários. Que não nos mintam. Que respeitem a confiança que depositamos neles quando votamos.

24/04/2023

Zé Rainho

 

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