domingo, 23 de abril de 2023

DEMOCRATA?

 DEMOCRATA???

Não se atura esta gente. Não há pachorra que aguente. Não há indulgência possível, por mais cristão que se seja.
Já o disse e repito, que a História, um dia, há-de provar que o 25 de Abril de 1974 foi um golpe de estado corporativo e não uma revolução. Aliás, já há documentação científica suficiente, que sustenta esta tese.
A Democracia veio por arrasto do dito golpe de Estado, porque o povo, cansado de um regime caduco, aderiu em força ao seu derrube transformando, deste modo, um Golpe de Estado numa mudança de regime.
Os militares que fizeram o 25 de Abril não tinham experiência política, nem de vida e, muito menos, conhecimentos de governação, pelo que lhes deu jeito encostarem-se aos civis com essa experiência e esse conhecimento. Foi o que fizeram e ainda bem que o fizeram, caso contrário, poder-se-ia ter saído de uma ditadura civil e caído noutra ditadura militar, mas mesmo assim, não abdicaram, alguns deles, de querer manter um estatuto privilegiado no novo regime, arvorando-se em donos. Conseguiram-no durante os primeiros anos a seguir ao 25 de Abril, particularmente até ao 25 de Novembro de 1975. Uns, compreenderam a mudança e retiraram-se. Outros alaparam-se deixando de ser militares passando a ser políticos.
Enquanto militares de garra, honestidade e valentia, de que o Salgueiro Maia é um bom exemplo, se retiraram para o seu quartel e para a sua vida militar outros, menos capazes e mais oportunistas, agarraram-se ao 25 de Abril como lapas, assenhorando-se para si e para o seu pequeno grupo, de um feito que foi muito mais colectivo e muito mais abrangente do que do grupo restrito do sector militar e, ainda, muito menos do sector da esquerda política nacional.
O 25 de Abril, depois do 25 de Novembro de 1975 passou a ser património do povo português e não de grupos e personalidades.
Mas, o camarada Vasco não entende assim, porque não quer perder prebendas a que, rigorosamente, não tem direito, por vários motivos, mas principalmente, porque não deu o corpo ao manifesto e ficando na retaguarda, protegida das possíveis e eventuais balas. Deu-lhe jeito ser preso e mandado para os Açores, porque vale mais preso do que morto. Sim, porque se o Golpe não tivesse a adesão popular, de muitos militares e forças policiais, poderia ter sido um mar de sangue. Ninguém tenha dúvidas que o anterior regime não reagiu porque não quis. Tinha meios e gente capaz de o fazer.
Desta feita vem agora e, desde sempre, tentar colar o 25 de Abril ao PCP, ao PS e ao BE como donos exclusivos desta efeméride. Ele é que diz quem vai ou não vai desfilar no próximo dia 25, como se fosse dono todo-poderoso, de um evento que teve o contributo da esmagadora maioria do povo português. E, como virgem ofendida, vem para a comunicação social com a arrogância de que a ele ninguém pode pôr em causa. Que não se pode questionar o seu sentido democrático. Não é só arrogante é néscio.
Está há mais tempo nos corpos gerentes da Associação 25 de Abril do que Salazar esteve no Poder.
Por mim pode fazer o desfile que quiser e com quem quiser, mas não lhe admito que se arrogue o direito de ser dono de um património que é colectivo, de que ele também faz parte, mas não é o único.
A Democracia é o direito à diferença, pelo que, mesmo os não democratas têm lugar no regime. O Camarada devia saber isso, mas pelos vistos, não sabe.
22/04/2021
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