DESCRENÇA!
Viver na desconfiança é uma tristeza. É viver na incerteza,
na dúvida, na inquietação que conduz ao isolamento e à solidão e ninguém
consegue ser feliz vivendo sozinho.
Ter de estar sempre alerta com receio de uma rasteira passada
pelos que estão mais perto é insuportável.
Na nossa democracia pequenina e poucochinha é este o
sentimento dominante. A nossa classe política tem feito por isso. Os nossos
banqueiros ganham a medalha de ouro da desconfiança. O nosso empresariado,
pretensamente, endinheirado leva a palma. A nossa Justiça não sai muito
favorecida na fotografia. Os nossos altos quadros empresariais não lhes ficam
atrás, porventura são altos quadros por terem facilitado esquemas mais ou menos
enviesados.
Todos nos deixam a sensação de incompetência, quando não mais
grave, de compadrio, de nepotismo, de corrupção e de ladroagem.
Parece termos voltado ao tempo do tribalismo, na dicotomia,
nós e eles, em que para nós se canalizam todos os benefícios e para os eles
ficam, apenas, os sacrifícios.
Vivemos nisto há muitos anos, mas parece que agora se agravou
a situação ou, pelo menos, se criou essa sensação. Intui-se que é assim.
Os Partidos Políticos vão-nos entretendo com os números de
circo. Distraem-nos mostrando diferenças que, na prática, não existem, porque
quando é para distribuir prebendas estão todos de acordo e são todas para eles
e para os deles.
Temos eleições à porta. Quase todos os anos temos eleições e,
talvez por isso, vivamos em constante e permanente campanha eleitoral, com
promessas que passam de um mandato para o outro e que continuam por cumprir e
isso, entre outras coisas, faz com que a abstenção seja o maior partido
nacional. É muito mau para um povo que viveu gerações sem poder votar. Mas é
esta a realidade.
O desinteresse e descrença estão instalados. Cada vez há mais
velhos e menos gente disponível para assumir responsabilidades executivas. Era
bom que alguém fizesse alguma coisa para restabelecer a confiança. A começar
por aqueles que têm mais responsabilidades pelas posições hierárquicas que
detêm, mas também cada um de nós que se deve interrogar se não é o seu
alheamento que contribui para a mediocridade reinante.
Confiança precisa-se. Descrença dispensa-se.
11/07/2021
Zé Rainho
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