domingo, 5 de junho de 2022

OS CLÁSSICOS!

 

OS CLÁSSICOS!

Faz bem à alma, de vez em quando, revisitar os clássicos. Aprende-se sempre alguma coisa. Recordam-se outras tantas que, porventura, já estavam na prateleira do esquecimento.

Ainda não há muito tempo que reli um grande romance do Alexandre Dumas (pai), o Conde de Monte Cristo, um dos clássicos, publicado em meados do século XIX, que li, pela primeira vez, há mais de sessenta anos.

Há dias comecei a reler os Sermões do Padre António Vieira, publicado no início da segunda metade do século XVII, que também já li há umas boas décadas.

Não é saudosismo é aprendizagem. Tenho consciência que alguns dos meus amigos, que me lêem, cogitarão que estou velho e é essa a razão de eu recuar a um passado tão longínquo. Não os contrario, porque tenho plena consciência de que estou cada vez mais velho, mas também não lhes dou razão, quanto à necessidade de revisitar o passado, pois sou dos que aprendi, ao longo dos anos, que é no passado que se alicerça o presente e se projecta o futuro.

Mas voltemos ao assunto deste arrazoado. Senti-me bem ao relembrar que o Padre António Vieira dizia: “um homem para se ver a si mesmo é preciso três coisas: olhos, espelho e luz”. Como o eminente pregador tinha e continua, nos dias de hoje, a ter total razão. O indivíduo tem de ter olhos de ver e não só de olhar. Tem de ter o espelho do outro, para entender as semelhanças e as diferenças e tem que ter iluminação suficiente, para que as sombras não distorçam a imagem.

Mas ensina muito mais. Ensina que se deve comunicar bem. De forma eficaz, com clareza, com verdade, com autoridade de quem é exemplo na palavra e na acção, porque se não for assim a palavra é descabida e mais valia não ter sido pronunciada.

Como é que se pode entender a retórica balofa de quem não é exemplo? Quem não tem vida? Quem não tem ciência, conhecimento? Quem não tem acções? Quem não fez obra? Não se entende e, muito menos, se pode aceitar.

Por isso é bom ir aos clássicos, mas também ir aos contemporâneos. Aos bons jornalistas. Aos bons escritores. Aos bons políticos. Aos bons cientistas. Aos bons professores. Aos bons mestres em diferentes áreas. É que assim, se limpam teias de aranha que enredam e condicionam a mente. Assim se eliminam, ou pelo menos reduzem, os preconceitos, as ideias feitas, as verdades absolutas. Assim se deixa de dar importância a discursos redondos sem conteúdo, que se ouvem no dia-a-dia, nos órgãos de comunicação social ou se lêem nas redes sociais e, talvez, nos obrigue a pensar em opções tomadas, levianamente. Em decisões inconscientes. Em opções que comprometem, ou podem comprometer, o futuro próprio e do nosso semelhante.

Talvez estes considerandos levassem os povos a valorizar, muito mais, a arma democrática que é o voto. A utilizá-la, não com a carteira individual, mas com o pensamento altruísta, do melhor para todos. Com a vontade de legar um amanhã melhor. Mais fraterno. Mais justo. Mais equitativo.

Não quero dar lições, quero apenas, contar-vos como me faz bem à alma, esta revisita aos clássicos. Como me faz bem comunicar convosco. Como me faz bem desabafar em amena cavaqueira, virtual, com todos os meus amigos.

Fico-vos muito grato pelo tempo que dispensaram a ler estes estados de alma.

4/06/2022

Zé Rainho

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