segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Volúpia

 Volúpia


No divino impudor da mocidade,

Nesse êxtase pagão que vence a sorte,

Num frêmito vibrante de ansiedade,

Dou-te o meu corpo prometido à morte!


A sombra entre a mentira e a verdade...

A nuvem que arrastou o vento norte...

- Meu corpo! Trago nele um vinho forte:

Meus beijos de volúpia e de maldade!


Trago dálias vermelhas no regaço...

São os dedos do sol quando te abraço,

Cravados no teu peito como lanças!


E do meu corpo os leves arabescos

Vão-te envolvendo em círculos dantescos

Felinamente, em voluptuosas danças...


Florbela Espanca.

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