domingo, 8 de outubro de 2023

insensatez!

 

INSENSATEZ!

Como diriam os saudosos Ivone Silva e Camilo de Oliveira “este país perdeu tino”.

Já foi há tantos anos e está tão actual. Nos últimos dias temos assistido a pérolas de loucura – não quero acreditar que seja malvadez – que demonstra à saciedade que, pelo menos uma parte deste país perdeu o tino, perdeu a sensatez, perdeu o sentido de vida em sociedade.

Primeiro foi aquela manifestação sobre a carência de habitação, particularmente em Lisboa que, alguém com objectivos políticos escusos, se aproveitou da necessidade e ingenuidade de muitos, para reivindicar uma mudança radical da estrutura socioeconómica em que vivemos, sob o pretexto das alterações climáticas e da necessidade de habitação. Agora são os opinadores com acesso aos média que vêm, a propósito de palavras proferidas por alguns comentadores da nossa praça, afirmar aquilo que esconderam na manifestação. Vamos lá a ver o que eu ouvi a três defensores – pelo menos um definiu-se como um dos promotores – da manifestação:

Sobre um comentário de Ana Gomes, em que ela se afirmava como ser do tempo das “ocupações selvagens” e do perigo que constituía voltar-se a esses tempos, três opinadores diziam que as ocupações deveriam acontecer e não seriam selvagens, mas justas.

Sobre um comentário de Lobo Xavier demonstrativo da incoerência dos manifestantes que se juntaram, uns a defender que não se deve construir mais porque isso degrada o ambiente e outros a pedir casas que só existem disponíveis se se construir mais. Os mesmos opinadores dizem não haver nenhuma contradição nas posições dos dois promotores da manifestação já que se podem ocupar as casas que existem utilizando novas tecnologias para a sua recuperação e restauração.

Sobre a violência sobre os deputados do Chega um dos opinadores disse que não houve violência nenhuma, que ele estava próximo do acontecido e o que viu foi que um dos manifestantes se dirigiu aos deputados dizendo-lhes que eles não podiam estar ali porque aquela não era uma causa do seu partido e, por isso, ele achou muito bem que tivessem expulsado da rua um português, no pleno uso dos seus direitos de liberdade e livre circulação.

Perante estes dislates que acabei de mencionar apetece-me perguntar àqueles opinadores algumas coisas:

1.      Se querem alterar a estrutura económica em que vivemos por que é que não deixam de viver em Lisboa e não vêm viver para o interior desertificado, onde não faltam casas e muito menos terreno para cultivar e assim alterar, profundamente, a pegada ecológica que os próprios estão a deixar no planeta ao se aglomerarem nos grandes centros urbanos onde têm tudo à disposição sem esforço e à custa dos impostos que todos nós pagamos?

2.      Por que é que querem utilizar a tecnologia desenvolvida pelo capitalismo selvagem – opinião deles – para alterar o modelo de construção de civil, utilizando, assim, um recurso para o qual não contribuíram em nada?

3.      Se as ocupações das casas podem ser efectuadas e são justas, na sua opinião, por que não deixam entrar na casa deles pessoas sem abrigo que vivem nas suas proximidades?

4.      Quem é que se julga um individuo, seja ele quem for, para dizer a outro sai daqui porque este não é o teu lugar, como se fosse dono da rua e do espaço que é de todos?

5.      Por que é que o governo, os governos, não pensam seriamente no desenvolvimento harmonioso do país e deixam de concentrar os recursos de todo um país numa faixa litoral de menos de 50 Km?

Façam-me o favor de multiplicar as perguntas e apresentá-las a quem possa responder já que eu não posso.

8/10/2023

Zé Rainho

 

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