sexta-feira, 24 de abril de 2020

24 de Abril de 1974

Há quarenta anos, faz hoje, precisamente,
Vivia num fulgor de juventude, contente.
Com projecto de futuro onde docemente,
Com calor físico e humano pungente,
De uma terra promissora para toda a gente.
Hoje estou na Guarda a tratar dos ossos,
Com frio na alma e o coração em destroços.
Neste contraste com que a vida nos contempla,
Sem que fossemos ouvidos ou achados,
Mas no qual há, com toda a certeza, culpados.
Que vivem impunes, sem castigo, abastados
De coisas e haveres materiais mal arranjados,
Com a consciência pesada de bastardos,
Se ainda lhes restar alguma lucidez de javardos,
Ao recordarem atitudes e actos malfadados.
Alguns já morreram, que Deus lhes perdoe
Outros vegetarão na sua senilidade e demência
Esperando, porventura, dos outros benevolência
Para tanta tirania e maldade da qual foram mentores,
Em toda a sua ignóbil e miserável existência.
Deus todo Misericordioso os julgará e punirá
Já que os homens com poder não o fizeram.
Então talvez tenham tempo na agonia de cá,
De olhar para trás e terem vergonha do que disseram.
Das atitudes e actos que protagonizaram por cá.
Por nós estamos de consciência em paz
Porque fomos e somos portugueses de honra
De trabalho, de solidariedade, amizade capaz
De tornar esta Nação exemplo e nunca,
Perante outros povos se envergonha.
O mês não tem culpa mas sempre que houve,
Abrilada em séculos próximos ou remotos,
Este Pais demorou anos a erguer-se dos destroços,
Das ruínas que os traidores à pátria foram devotos,
E o povo humilde e patriótico viveu anos a pão e couve.
Zé Rainho.
24ABR2014

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