sexta-feira, 29 de julho de 2022

ESPERA!

 Saber esperar é uma virtude. A espera é paciente, é constante, é serena, é controle emocional, é esperançosa, mas, também, é ansiosa, é desesperante, é depressiva, é desmotivadora. 

Esperamos a vida toda por algo que ambicionamos ou, mesmo, do que precisamos  e essa espera já não pode ser virtuosa porque desiludiu a esperança. 

Penso não estar muito enganado se disser que o povo português já desespera de tanto esperar. 

Esperámos por D. Sebastião. Esperámos pelo liberalismo. Esperámos pela República. Esperámos pela Ordem, a paz e o progresso. Esperámos pelo fim da ditadura. Esperámos pela revolução. Esperámos pela democracia. Esperámos pelo desenvolvimento económico e social. Esperámos, esperámos, esperámos e continuamos a esperar que alguém ponha este país nos eixos. 

Não há forma. Não há vontade. Não há gente capaz. Não há, sequer, povo com crença e com garra para não esperar pelos outros ou para que alguém faça. 

E assim acontece, é tudo para amanhã quando devia ser para ontem. 

Na saúde criam-se estruturas que hão-de resolver o descalabro e a descrença. Na justiça não se mexe porque isso é interferir com órgãos de soberania independentes. Na educação mexe-se no currículo para criar motivos de distracção e, no essencial, mantém-se tudo na mesma, quando não piora.

Na segurança é a falta de recursos humanos e materiais e o avolumar da criminalidade, cada vez mais violenta, a soma de mortes roubos e outros delitos. 

Na segurança social anda-se a apagar fogos tapando a cabeça destapando os pés ou vive-versa. 

Na casa da democracia é a indigência política a começar pelo seu presidente. 

Na mais alta magistratura da Nação é o hiper-activismo para aparecer em todo o lado e constantemente, com afecto, para esconder  a ineficácia da acção. 

Por tudo isto resta-nos esperar e, quem muito espera desespera, por dias melhores ou por algum marciano que venha por ordem na casa.

Por mim vou esperar sentado para ver se não me canso. 


28/07/2022


Zé Rainho 

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