quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Que se Passa!

 

QUE SE PASSARÁ!??

Ontem, pelas 15h15, estacionei o carro no parque anexo à Biblioteca Municipal e percorri o centro da vila a pé.

A Vila é sede de concelho, tem serviços públicos, tem duas agências bancárias, tem paços do concelho, tem várias igrejas, tem duas farmácias, tem cafés, alguns, poucos, restaurantes, algum comércio.

O meu percurso foi sair do parque de estacionamento e começar a descer em direcção ao Jardim da República, passando pela Igreja matriz e pela zona dos cafés até à Óptica, para dar um pequeno arranjo aos óculos, ferramenta indispensável para a minha vida diária.

O dia, era um daqueles dias invernosos, nem, nem. Nem chove, nem faz sol. Céu plúmbeo, frio, mas não excessivamente, o normal para a época, como diriam os meteorologistas.

O percurso que fiz serão cerca de 500 metros, ou nem tanto, mas é o centro urbano onde tudo se passa. Vi uma única pessoa, em pé, próximo da caixa multibanco e passou por mim um carro da GNR com dois agentes dentro. Não vi mais ninguém. Nem vivalma.

Perante isto pergunto-me: o que se passará? A vila já não tem habitantes? Tem, mas estão demasiado velhos e, por isso, são mais atraídos por umas quentinhas pantufas do que por uma boa passeata? Não tem jovens em idade de trabalhar que precisem de ir a um serviço público, a um comércio, ou qualquer outra actividade? Não sei responder a nenhuma destas perguntas. Só sei que não é normal, uma localidade com cerca de 1500 habitantes, às três da tarde, não ter ninguém na rua.

Nas aldeias do concelho esta era uma situação habitual, na vila onde toda a população do concelho se tem de deslocar para obter serviços diversos e indispensáveis é que não é normal, penso eu. Ou estarei errado?

Se pensarmos em sentido mais macro e compararmos com o que se passa no resto do país não podemos deixar de questionar: que tipo de ordenamento do território é este? Quem é que tem uma estratégia que minimize o suplício de quem não consegue ir trabalhar, porque não cabe dentro do combóio e esta desertificação, num território tão pequeno, que é minúsculo comparativamente com muitos outros países?

Quem é que tem planos para o interior do país, interior que começa a 50 km de distância do mar? Quem é que apresenta medidas objectivas e fazíveis para alterar esta situação?

Em véspera de eleições legislativas sugiro aos meus amigos que têm tempo e disponibilidade, que leiam os programas de todos os partidos que se vão apresentar ao sufrágio universal. Aviso já que é uma seca. É uma estopada, mas é a única forma de podermos, em consciência e não de forma clubística, votar, para alterar este estado de coisas.

Eu sei que os novos não têm tempo para estas minudências, mas os velhos, que passam muitas horas a olhar para uma televisão que não traz nada de novo, talvez ocupassem melhor o seu tempo, até para poderem fazer como fez ontem aquele professor que confrontou o PM com a sua forma de governar e ele, de forma agressiva, mal-educada, não foi capaz de responder com verdade e argumentos reais e virou as costas. A cidadania não se exerce só nas urnas, exerce-se no dia-a-dia.

11/01/2024

Zé Rainho

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