sábado, 27 de julho de 2024

Pressa!

 

PRESSA!

Anda toda a gente com muita pressa. É ver a velocidade dos automóveis. O número de multas por excesso de velocidade. O número de mortos e feridos na estrada. Também a correria das pessoas em todas as situações, até nas zonas de lazer, até em época de férias, até em épocas de descanso.

Poderá ser por necessidade, mas também pode ser por inquietação interior, por pressa de chegar, muitas vezes não sabe muito bem onde, a qual destino.

Ninguém tem paciência para esperar. Mesmo quem não tem compromissos laborais, ninguém gosta de esperar, excepção feita para os amantes do futebol e dos concertos que estes passam hora e, por vezes, noites inteiras para serem os primeiros da fila para entrarem nos estádios ou locais onde há palcos.

Esta de serem os primeiros também tem que se lhe diga. Toda a gente quer ser o primeiro, já há menos os que querem ser os melhores, porque ser melhor dá trabalho, implica esforço, dedicação, perseverança.

Quem é que ainda não assistiu ao estacionamento de viaturas nos lugares destinados às pessoas com dificuldades de mobilidade, só porque tem pressa, é um instante, no seu entender, e não tem paciência para procurar um lugar vazio mais longe da porta de acesso? Vê-se com muita frequência e isso é sinónimo de pressa, falta de paciência e, pior, falta de urbanidade.

Paciência e bom senso precisa-se. Paciência para o ritmo das crianças, dos velhos, dos diminuídos físicos ou mentais. Por isso é tão satisfatório quando se vê um cuidador, seja ele médico, enfermeiro, auxiliar de acção médica, ou simples familiar ou amigo que, com imenso carinho e paciência de Job, ajudar quem está fragilizado pela doença, pela idade ou pelas condições físicas depauperadas.

Vale a pena correr para ser o melhor profissional, a melhor pessoa, o mais atento ao outro, mas sem deixar de vislumbrar que o destino de todos é igual, rico ou pobre, paciente ou impaciente, modesto ou importante, humilde ou poderoso. Todos acabamos transformados em pó, como nos é relembrado, anualmente, na Quarta-Feira de Cinzas.

27/7/2024

Zé Rainho  

 

quinta-feira, 25 de julho de 2024

Queima das fitas!

 

QUEIMA DAS FITAS DE COIMBRA!

 

Coimbra e seus trovadores

Despede-se dos seus doutores

Na festa da Queima das Fitas

Com estudantes e futricas,

Em entusiástica euforia,

Cantando ao som da guitarra

A trova vivida com garra

Duma vida nova, exigente,

Mais do que a sebenta do Lente.

Esvoaçam a capa e a batina

Agitam-se fitas e cartolas

Cruzam-se bengalas coloridas

Ao som do efe é re á

Para satisfação do papá

Que vê o sonho alcançado

Depois do sacrifício magoado.

A vida num de repente

Tal como é a mocidade

Só a velha Universidade

Continua igual e presente.

Fica a saudade da noitada

Passada junto ao Mondego

No Choupal posto em sossego

Cantando aos etéreos amores

O canto que só os doutores

Sabem tão bem imortalizar

Em estrofes dolentes cantar

À beleza ímpar das tricanas

Garridas sensuais bacanas

Que na hora da despedida

Deixa Coimbra perdida

Num silêncio sepulcral

Na solidão da Lapa e do Choupal.

Querer ser toda a vida estudante,

Queimar as pestanas ser amante

É ambição desmedida

Duma juventude bem vivida.

Lembrar as tascas do quebra-costas

Serenatas na Sé Velha.

Nas escadas monumentais.

Nas Repúblicas principais

Duma Coimbra muito amada

Por quem nela fez estrada.

 

20/05/2022

 

Zé Rainho

 

 

 

sexta-feira, 19 de julho de 2024

PICARDIAS!

 

PICARDIAS!

A política é uma das actividades humanas mais necessárias e mais importantes porque impacta directamente na vida das pessoas.

Já Aristóteles dizia que a política tem como objectivo a felicidade humana. Daqui se depreende que os políticos exercem, ou devem exercer, a sua função de governança, no sentido do bem comum de toda a população e não em função de grupos, mais ou menos definidos, mais ou menos híbridos, mais ou menos objectivos.

As visões do bem comum podem ser diferentes, quão diferentes são as pessoas, mas há um padrão que não pode ser desvirtuado.

Porém, o comum dos cidadãos tem a percepção de que os políticos estão na política para se servir e não para servir os cidadãos. Desde logo porque põem os interesses partidários acima dos interesses do país.

Atentemos no que se passa em França onde o Partido com mais votos passa para terceiro lugar na representatividade democrática e não há um sobressalto.

Avancemos para os Estados Unidos da América onde os candidatos, de provecta idade, se digladiam com propostas completamente distintas e até contrárias, para o referido bem comum e a felicidade do povo logo, não é possível que ambos tenham em conta este desiderato.

Estamos a falar de democracias consolidadas e de alguma exemplaridade, mas se avançarmos para democracias autoritárias ou mesmo ditaduras e o panorama só se agudiza. Vejamos o que se passa na Federação Russa, será que o povo aprova a guerra e quer morrer numa luta absurda com um povo irmão que é a Ucrânia?

Na China, será que o povo gosta de se sentir prisioneiro do Partido que se confunde com o Estado o qual domina em todas as áreas. Tudo o que o partido e o chefe máximo manda é como se fosse Deus, sempre com razão da cúpula mesmo que nefasto para a população. Este povo será feliz?

Cá por casa as coisas também têm a sua incongruência, se não vejamos:

A quem interessa, nesta altura, não se falar de outra coisa que não seja o Orçamento do Estado, para o próximo ano, documento que só é apresentado em Outubro e discutido até ao fim do ano. Porventura é para nos distraírem e não pensemos nos problemas candentes da sociedade. A saúde, a educação, a justiça, a defesa e segurança, a segurança social, a dívida pública, a misericórdia de Lisboa, as fundações que mamam do orçamento do Estado, os Institutos que só o são para que os seus administradores possam usufruir de ordenados muito superiores aos dos funcionários públicos de topo, como sejam os directores-gerais, o reordenamento do território, a demografia nacional e muitos outros, que atingem directamente a vida de cada um de nós e para quem a política e os políticos deviam trabalhar para nos fazer felizes.

Talvez por isso, as pessoas não fundamentalistas enfeudadas aos partidos, dêem mais crédito às Instituições independentes do que que aos partidos políticos e aos agentes políticos em geral, situação verificável nos números da abstenção nas diferentes eleições.

O tribunal de contas é um tribunal que tem o dever de apreciar e aprovar a despesa que os diferentes organismos do Estado fazem ou pretendem fazer. Daí, determinados valores necessitarem de um visto prévio deste tribunal para se realizarem.

Agora vem-se a saber que o INEM contrariou o Tribunal de Contas e adjudicou, por ajuste directo, a prestação de serviços dos helicópteros, 12 milhões de euros. Vem-se a saber mais, que o anterior governo retirou do Orçamento do INEM no ano passado 80 milhões de euros e vem agora o presidente daquele Instituto demissionário acusar um governo com três meses de duração e nunca disse nada nos anteriores oito anos. Pior, não cumpriu com o seu dever de proceder ao concurso internacional em Julho do ano passado para que, em Janeiro deste ano, houvesse a empresa escolhida a quem fosse adjudicada a função, que até podia ser a mesma que agora a realiza, mas com clareza, transparência e sem subterfúgios. Este presidente do INEM, que é político, não demonstrou estar interessado no bem comum, mas em agradar ao Poder que o colocou no lugar para beneficiar das prebendas do mesmo.

Desobediência a um tribunal, pelo cidadão comum, dá direito a graves penalizações que podem ir até à privação da liberdade. Neste caso não acontece nada a quem desobedeceu? Gostávamos de saber.

Porque acreditamos na justiça apesar dos seus muitos erros esperamos que o Ministério Público apure, com celeridade, a responsabilidade criminal deste senhor político e, se se provar que houve negligência, má-fé ou dolo as consequências sejam do conhecimento de toda a gente.

A Ciência Política induz-nos a depositar nos agentes políticos a maior confiança, mas estes têm de fazer por a merecer. Não nos parece ser o que acontece na maior parte do mundo e também no nosso país. Temos até a percepção contrária porque nunca se assistiu a tanta corrupção, compadrio e roubalheira por contraste com tanta miséria e fome. Para tal, contribui a necessidade premente, de Organizações Não Governamentais que, constantemente, têm necessidade de recorrer à solidariedade de todos os que podem, com campanhas e peditórios, para suprir as necessidades básicas de muita gente, no país e por esse mundo fora. Sente-se a revolta de assistir através da televisão ao espavento de um casamento de filhos de milionários indianos, onde se gastam milhões, paredes meias com a mais profunda miséria do povo.

É urgente revisitar Aristóteles por parte dos políticos para aprenderem alguma coisa sobre qual é o seu dever maior: a felicidade humana.  

 

18/07/2024

Zé Rainho   

 

quarta-feira, 17 de julho de 2024

MODO DE SER!

 

MODO DE SER EESTAR!

 

O passado é memória,

O futuro é incerteza,

O presente, realidade

Duma vida com história,

De sorrisos e tristeza,

Sacrifício e felicidade.

 

Vivemos em harmonia,

Com o outro e a natureza

Com tranquila consciência,

Duma vida em sinfonia

De, com toda a certeza,

Ter sido com ética e decência.

 

Pode parecer presunção,

Arrogância e até vaidade,

Mas é apenas a clareza,

De ter aproveitado a ocasião,

De momentos de felicidade,

Mesmo em tempo de aspereza.

 

Momentos de felicidade,

E de frustração e muita dor

E muito triste solidão

Mas a nossa realidade

É a vida de Nosso Senhor

Na Sua glória e paixão.

 

Por isso é necessário,

Ser ousado e ser prudente,

No quotidiano da vida,

Deixando de ser perdulário,

No dia-a-dia presente,

Da circunstância perdida.

 

Na humana fragilidade,

O erro é frequente,

Assim é preciso o perdão

De quem com acuidade

Sofre a causa consequente

Duma irreflectida decisão.

 

Uma vida assim vivida

Plena de bonomia e amor

Traz à sociedade melhoria

Duma vivência mais querida

Do humanismo maior

Cheio de paz e alegria.

 

15/7/2024

Zé Rainho

 

terça-feira, 9 de julho de 2024

O CURA!

 

EM TEMPOS DE DITADURA!

 

Noutros tempos noutras eras,

Um certo padre Cura,

Na sua compostura

Que era bera, deveras

Impunha a sua vontade ao povo

Em nome do Senhor

Mas sempre, sempre a seu favor

Tal era a alarvidade

De um ser mesquinho de verdade.

 

Em tempos de ditadura

O padre era, também, um ditador

Sempre em nome do Senhor

Este nosso, singular, padre Cura

Tinha o poder de um vilão

Que sugava o povo até ao tostão

Enriquecendo com a miséria do povo

Que sem ânimo e ter um simples ovo

Enchia a pança de tão reles criatura.

 

Em jovem tentava as inocentes donzelas

Que seduzia com palavras belas

Ou com ameaças de um Deus castigador

Na expectativa de um dia receber amor

De quem é ingénuo e puro

Sem cuidar de isso as fazia cair do muro

Por isso um dia um pai mais audaz

Convidou o meliante para um cabaz

Com um jarro de vinho com urina da moça

Instou para que provasse o vinho

Que era bom e puro da pipa

Que ele queria ser o primeiro a abrir

 

E noutro povoado escondeu-se numa dorna

Com feixes de palha ao monte

Para escapar com o físico à tareia

Bem merecida porque a sua veia

É abusar das jovens ingénuas, mas de fé

Num Deus que que ele pregava com ardor

Mas que não praticava com o amor

Com que foi abençoado pelo ministério

Sacerdotal tão elevado e sobrenatural

Que o deveria tornar um ser mais normal.

 

Homem de triste figura,

É este padre cura,

Que sem remorso ou temor

Ofende a Cristo nosso Senhor

No seu ministério maior

E aproveita a sinecura

Do patamar ao altar

Para ofender e perorar

Sobre os fiéis cristãos mais puros

Que se sentem inseguros

Na sua humilde condição

Perante um cura vilão

Que na sua grande obsessão

De a todos submeter e dominar

Usa o nome de Deus em vão

Como um Deus tirano castigador

Alterando a visão de um Deus de amor

Que é a Misericórdia infinita

Só para seu conforto e prazer

Que de pobretana quer enriquecer

 

Se não fosses um sacerdote

Já tinhas levado com um archote

Pela cornadura abaixo

Pois, tuas aleivosias eu acho

Merecem castigo maior

Que te tirassem o ministério

Que ofendes e maltratas a sério

Com tua forma de ser, tua postura

Seu medíocre padre cura

Que usas o sacerdócio

Para praticares o pecado e o ócio

De nada fazer nem cuidar

Quando tua obrigação é tratar

Das almas e dos corpos das gentes

Que, humildes e quais indigentes

Se acercam de ti para aumentar a fé

E tu em vez de ajudares tratas com o pé.

 

Mas tens direito ao contraditório

Por isso venha de lá o relambório

E diz de tua justiça

Tu que és perito na trafulhice

Como é que consegues viver

Com tanta altivez e arrogância

Num pedestal de pulhice

Dominando a ignorância

Do povo humilde de saber

De trabalho e miséria sem liça

De qualquer tipo de poder.

 

Zé Rainho

Artigo para a Revista VIVER!

 

ACADEMIA SÉNIOR DE PENAMACOR

 

No âmbito da disciplina de História Regional e Local foi-nos proposta uma reflexão sobre a igualdade de género em meio rural.

Temos, para nós, que a igualdade de género ou é ou não é; existe ou não existe, independentemente dos diferentes Meios ou Territórios. É verdade que, quando se fazia agricultura neste País e as mulheres, para além das tarefas domésticas, que assumiam como integralmente suas, ainda tinham de ir trabalhar na agricultura, nas mondas dos cereais, por exemplo, o seu salário era, em regra, metade do salário de um homem. Mas o mesmo se pode dizer para a indústria, para o comércio e até para a função pública. Onde, neste caso concreto, a maioria das chefias é desempenhada por homens, independentemente da qualidade técnica, do saber científico, da capacidade de trabalho e organização de muitas das funcionárias públicas. Há algumas excepções, fruto das especificidades do trabalho a desenvolver em que a paridade salarial é completa e total. Falamos da classe dos professores, dos médicos, dos enfermeiros, dos juízes, procuradores, deputados e outros que, a não ser assim, não só ficaria ferida a igualdade de género como ficaria ferido o princípio constitucional de que, para trabalho igual, não correspondesse salário igual.

Porém, devido à ancestralidade da supremacia masculina no campo militar – em regra os homens é que combatiam – nas religiões em que os homens é que são Pastores, Presbíteros, Sacerdotes trouxe consigo fundamentos de que as sociedades só seriam harmoniosas se houvesse tarefas para homens e tarefas diferentes para as mulheres, profissões masculinas e profissões femininas. Estes arquétipos sociológicos ainda perduram em muitas sociedades e tenderão a desaparecer à medida que homens e mulheres sentirem a necessidade e lutarem para que o equilíbrio se faça no respeito pela individualidade de cada um e não pelos estereótipos enraizados durantes séculos e até milénios.

Sabendo que a tradição tem uma relevante importância na assunção das liberdades, dos direitos de cada um dos seres humanos, nem por isso, podemos deixar de acreditar que este desiderato só poderá ser o resultado da consciência, individual e colectiva, e do respeito que cada ser humano tenha pelo outro.

Será no uso criterioso da liberdade e no respeito meticuloso pelo outro, nas suas especificidades, capacidades, debilidades ou potencialidades que se atingirá, como maior ou menor eficácia essa, pretensa igualdade. E dizemos pretensa, porque não se pode querer igual o que é diferente. Poderemos sim, sem ambiguidades, cada um de nós, por ao serviço do outro todos os meios, recursos e vontades para que que, em cada um se manifeste, numa liberdade conscientemente assumida, toda a potencialidade e capacidade de realização com vista a um valor supremo que é, em última análise, a felicidade de cada um, para que se atinja, cada vez mais, a felicidade colectiva.

Dirão que é utopia! Eventualmente. Mas só quem sonha é capaz de realizar grandes feitos. Só quem almeja atinge o que, à partida, parece inatingível. Assim sendo, não nos parece que haja ou, pelo menos, que possa haver diferenças substanciais e substantivas de género, consoante o ambiente em que se viva. Outrossim, já nos parece curial, que tais diferenças existam e se acentuem de acordo com a formação individual dos pares. Com os Valores Éticos de cada um. Com o respeito integral pela dignidade humana nas suas mais específicas e diversificadas realidades.

Historicamente temos assistido a muitas situações demonstrativas de que a desigualdade no tratamento dos seres humanos tem sido uma constante que não se pode iludir. Entre ricos e pobres, patrões e empregados, chefes e subalternos. O mesmo é válido para povos que escravizam outros povos, em função do seu poderio económico e militar. Abusos e faltas de respeito entre as religiões. Mas se isso é verdade no que se refere ao passado não deixa de continuar a ser verdadeiro no presente.

Os déspotas foram homens, na sua esmagadora maioria, mas houve mulheres verdadeiramente diabólicas, maquiavélicas nas suas atitudes para que atingissem os seus fins que, em última instância, era o Poder totalitário de disporem, inclusive, da vida do seu semelhante. Podíamos referir Lucrécia Bórgia, Cleópatra, Catarina de Médicis, mas também a rainha portuguesa Maria Pia e muitas outras mulheres que deixaram rasto da sua prepotência, cupidez e artimanhas para atingir ou manter o Poder.

Ainda hoje, numa Europa cuja génese assenta em princípios de Igualdade, Solidariedade, Fraternidade verificamos todos os dias os atropelos cometidos pelos Países Ricos subjugando pelo poder económico os seus parceiros mais pobres, menos desenvolvidos economicamente, ainda que, na maior parte dos casos, estes sejam portadores duma História e uma Cultura incomparavelmente mais rica.

Mas o mercenarismo e a agiotagem não se compadecem com os valores imateriais. Tudo o que não passe pelo poder económico e militar, tem pouca relevância para os povos que entendem a felicidade com o TER e se interessam pouco pelo SER.

O debate sobre esta temática é, por certo, muito interessante, mas será, em nosso entender, sempre inconclusivo enquanto as pessoas não forem reconhecidas pelos seus méritos ou deméritos, independentemente do género a que pertençam.

Há homens que serão sempre pigmeus mesmo que se alcandorem aos postos mais elevados das diferentes governações e mulheres que se agigantam na sua sensibilidade, organização, competência mesmo quando desempenham funções, ditas menores. Esta de funções menores levar-nos-ia a outro debate não menos interessante, mas deixemos para uma próxima oportunidade.

Igualdade de género sim, mas, só e sempre, quando for fruto do respeito mútuo.

 

Penamacor, 7 de Junho de 2016

José Rainho Caldeira

PENSAMENTO!

 

Pensamento!

 

Em minha opinião, os velhos deviam eximir-se de pensar, porque lhes faz mal, irrita-os.

Porque são velhos, já viram muita coisa e os factos vividos e ou presenciados, fazem deles seres um tanto objectivos que colidem, facilmente, com a narrativa em moda e do pensamento veiculado pela opinião publicada e isso torna-os taciturnos, cépticos e desapontados.

A História, particularmente a História moderna, é a narrativa de factos, sem julgamentos, nem opiniões, sem coloridos diferenciados, consoante os auto-intitulados historiadores da nossa praça.

A História há muito que passou a ser uma ciência, que se baseia em evidências científicas irrefutáveis e não se coadunam com opiniões, por mais abalizadas que elas sejam, nem se compadece com voluntarismos, mais ou menos insensatos, de investigadores proletários que, por força da sua precariedade laboral, se vêem forçados a alinhar no modismo vigente de quem paga os seus serviços.

Se atentarmos no nosso país, fácil será intuir que, em pleno século XX era constituído por um povo, maioritariamente, ruralizado, analfabeto, numa enormíssima dimensão. Que tomou uma posição neutral na segunda guerra mundial e por isso não beneficiou do Plano Marshall, continuando pobre e subdesenvolvido. Que tinha uma polícia política, que era um estado dentro do Estado, que não podia ter umas forças armadas capazes, da mesma maneira que não tinha uma indústria, um comércio e uma agricultura capaz.

O País foi sempre pobre e sem possibilidades de proporcionar ao seu povo as necessidades básicas preconizadas por Maxwell.  Houve, porém, nesse período temporal, um facto importante. A escola passou a ser obrigatória em meados do século e as escolas Normais foram reactivadas para formar docentes mais capacitados.

Vem tudo isto a propósito do Golpe de Estado do 25 de Abril de 1974.

Vejamos: -

No século XV foram os descobrimentos que ajudaram na subsistência da população. Seguiu-se o povoamento de territórios descobertos o que aliviava a pressão no recanto europeu, à beira-mar plantado. Depois uma emigração diversificada, ainda que de reduzida dimensão, para o Brasil e América Latina.

As colónias, nomeadamente Angola, servia para receber os condenados pela justiça que eram designados por degredados. Para os restantes que quisessem demandar aquele território necessitavam de obter uma carta de chamada, assinada por um residente com capacidade financeira para assegurar a sobrevivência de quem chamava e, caso fosse necessário, proceder ao seu repatriamento, documento reconhecido notarialmente. Daí a dificuldade da emigração para as colónias ultramarinas, mais tarde designadas por Províncias Ultramarinas.

No final da década de cinquenta e princípio da década de sessenta iniciou-se uma emigração clandestina, mas em massa, para a França, seguindo-se, mais tarde, outros destinos, Alemanha, Luxemburgo, Suíça, entre outros. Também Angola recebeu alguns emigrantes autorizados pelo Governo e dirigidos a colonatos implantados pelo Estado e, a seu reboque, mais alguns que tinham conhecimento com alguém já instalado no território. Porém, o rácio português indígena era bastante baixo para um território tão extenso.

Os europeus, na sua maior parte, tinham colónias em África e, nalguns casos, a exploração do indígena era, deveras chocante, com apartheid, com discriminação, com abusos de poder. Não era o caso de Angola, salvaguardando sempre a possibilidade da existência de alguns casos como os referidos, mas sem a dimensão e a crueldade de outros territórios. Por exemplo, o Congo Belga funcionava como uma coutada do Príncipe Leopoldo II da Bélgica.

A evolução natural é a autodeterminação dos povos. Quanto mais atropelos há em relação aos direitos humanos, mais se acende a fogueira da insatisfação e o incêndio no seio da sociedade pela independência é uma realidade num curto espaço de tempo.

Assim, em 1960 a Bélgica viu-se obrigada a dar a Independência ao Congo Belga, no meio de refregas e terror junto da etnia branca. A França faz o mesmo com a Argélia.

Estes factos aliados ao, cada vez maior número de jovens angolanos e portugueses, mais politizados que viviam em Angola fez despertar uma consciência que começou a tomar corpo. Entre essa juventude até se dizia jocosamente: “Angola é uma vaca que tem as tetas na Metrópole e os cornos cá. É preciso alterarmos a situação trazendo as tetas para cá e deixando os cornos lá”. Consequentemente organizaram-se Movimentos pró-independência fora do território que, desde logo tiveram apoio das diferentes potências mundiais e o combate aceso das Nações Unidas a Portugal por se recusar a dar a dita independência.

Para abreviar, vamos a mais uns factos. Em 4 de Fevereiro de 1961 um grupo mal-organizado, mas apoiado por alguma cúpula da Igreja Católica e de outras religiões, decidiu atacar a Casa da Reclusão de Luanda e a sétima Esquadra da Polícia de Segurança Pública, na tentativa de obrigar o regime político português a ceder aos interesses dos independentistas e, principalmente, das potências estrangeiras interessadas nas fontes de riqueza existente no território. Houve algumas mortes e alguma barbárie pondo em confronto raças até aí conviventes em alguma harmonia.

Seguiu-se a revolta dos trabalhadores da Baixa do Cassanje onde a barbárie foi mais acentuada, com várias mortes e laivos selváticos praticados pelos dois lados da barricada.

Nessa época Angola tinha, apenas, um simulacro de Forças Armadas e um corpo policial reduzido, sendo que a ordem pública era assegurada por Administradores Distritais e Chefes de Posto Concelhios, com o seu quadro diminuto de sipaios.

A Metrópole não estava muito melhor em termos de Forças Armadas já que não tendo entrado na Guerra e fazendo parte da NATO apenas precisava de algumas forças que não deixassem o país mal na fotografia.

Quando aconteceu o fenómeno apelidado de terrorismo em Angola, que. pouco mais tarde alastrou aos restantes territórios, Salazar teve a tirada junto da Brigada do Reumático (Generais velhos de mente e de corpo) “para Angola, rapidamente e em força”. De facto, foram enviadas alguns, poucos, militares de avião, no início da rebelião e pouco a pouco maiores contingentes de navio, a partir de Maio de 1961. Em qualquer dos casos tratou-se de tropas mal preparadas e muito mal apetrechadas de armamento. A maior parte do armamento era constituído por espingardas Mauser e pistolas Walter. O Comando era, maioritariamente, das patentes menores, Alferes e Furriéis, milicianos, que interromperam os seus estudos em níveis mínimos, respectivamente com o 7º ano do Liceu ou cursos superiores interrompidos, 2º ou 5º anos liceais e as praças com a 4ª classe. Os capitães comandavam companhias que, em geral, estavam ou ficavam aquarteladas em aglomerados populacionais e não entravam em combate.

O, dito, terrorismo, nunca teve grande expressão nas cidades capitais de Distrito e, a partir de 1963 foi reduzido a bolsas pouco significativas em todo o território porque, entretanto, o efectivo militar tinha sido substancialmente aumentado e o armamento muito melhorado, para além dum número significativo de tropas especiais, comandos, paraquedistas, fuzileiros e os reforços dos três ramos das Forças Armadas, exército, armada e força aérea.

Por outro lado, a economia de todo o território teve um desenvolvimento exponencial que mitigava algumas injustiças e trazia mais bem-estar a toda a população, independentemente da raça ou cor da pele.

A guerra colonial, para além de alastrar territorialmente, alastrou no tempo de duração e também foi fazendo estragos na motivação da juventude que via a sua vida condicionada, na maior parte das vezes, por mais de três anos de vida militar obrigatória.

Independentemente da consciencialização política o mal-estar foi fazendo o seu percurso ao longo dos anos, o descontentamento populacional português e angolano foi terreno fértil para a actividade subversiva, que era desenvolvida interna e externamente. No exterior era ainda fomentada pelas grandes potências internacionais e apoiada pelos povos vizinhos dos territórios sob administração portuguesa.

Outro facto foi o afastamento, por doença, incapacitante, de Salazar do lugar de 1º Ministro, sendo substituído no cargo pelo Professor Marcelo Caetano que, sabe-se hoje, nunca conseguiu impor uma política pessoal e foi sendo arrastado para um pântano onde a PIDE, por um lado e as altas patentes das Forças Armadas por outro, o enredaram, frustrando uma expectativa muito promissora que apareceu em 1968.

Ainda outro facto foi o envolvimento de cerca de um milhão de militares em todo o teatro de guerra que estava completa e totalmente ganha, em todos os territórios, com alguma dúvida na Guiné, mas que necessitava de uma cadeia de comando de mais elevada patente, nomeadamente a nível de capitão, e na impossibilidade de uma formação adequada, por Despacho Ministerial foi decidido que os tenentes milicianos poderiam aceder ao posto de capitão, desde que frequentassem um curso intensivo de um ano. Comparando com os cinco de Academia Militar que os Capitães do Quadro tinham que fazer e mais, pelo menos sete anos para chegar ao posto de capitão concluía-se que havia aqui alguma, muita, dose de injustiça.

A guerra que iniciou com milicianos passou também a ser feita por militares dos Quadros logo, uma maior rotatividade e, devido à falta de recursos humanos os capitães foram obrigados a maior número de mobilizações para comissões, com poucos anos, ou mesmo meses, de intervalo, o que gerou muito descontentamento.

A sucessão de factos elencados conduziu ao golpe de Estado corporativo levado a cabo pelos capitães no dia 25 de Abril de 1974.  A adesão popular a este evento transformou o golpe em revolução que, de facto não o foi, por várias razões.

As pessoas estavam sedentas de liberdade o que era deveras compreensível, dado o silenciamento de mais de quatro décadas. Mas, logo a seguir, surgiram os donos da liberdade e do próprio golpe de estado. Na circunstância, tentaram apropriar-se da hipotética revolução o Partido Comunista Português e toda a extrema-esquerda radical existente no país, ainda que rotulada, pelo antigo regime, de comunistas.

Os militares do Conselho da Revolução, mais uns tantos radicais existentes nos quartéis, muito ligados ao PCP, tentaram definir quem eram os portugueses com direito à liberdade e quem eram os que deviam ser presos sem culpa formada e sem qualquer tipo de julgamento.

Álvaro Cunhal, ministro sem pasta, para poder ter as pastas todas, mandou instrumentalizar os trabalhadores, operários, trabalhadores rurais e dos serviços, para que o poder caísse na rua e assim poder avançar para uma nova ditadura, desta vez, comunista de ideologia soviética, com intervenção directa, ainda que sub-reptícia da Rússia que então, ainda era a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). Valeram os militares moderados, povo moderado do Norte e do Centro do País e Mário Soares, Sá Carneiro e Freitas do Amaral, que frustraram tal ambição.

O 25 de Novembro foi o golpe de misericórdia nas pretensões do PCP que, com a conivência de Otelo Saraiva de Carvalho passou para a luta armada com as, tristemente célebres FP 25, que causou morte e dor muito superior à que foi causada pelo Golpe Militar de 25 de Abril.

Hoje, passados 48 anos, vemos uns rapazinhos e umas rapariguinhas, que não têm noção, nem conhecimento e muito menos experiência, querer ditar quem são os donos do 25 de Abril. Tudo gente captada no alfobre socialista que é o ISCTE.

Não deixaremos que tal aconteça e, nestes quatro anos que agora se iniciam, de comemorações do cinquentenário do 25 de Abril, não deixaremos de levantar a nossa voz contra estes projectos de ditadores e dizer com toda a pujança que o 25 de Abril não tem donos específicos. O 25 de Abril é de todos nós, os portugueses.

21/04/2022

Zé Rainho

AMBIENTE!

 

AMBIENTE!

Ninguém de bom senso deixará, por certo, de estar atento ao ambiente e à sustentabilidade do Planeta porque é a nossa casa comum e é a única que possuímos. Cada um tem o dever de fazer a sua parte para a preservação local e global e, para isso, tem de tomar as melhores opções de vida relativamente à pegada ecológica que quer deixar para o futuro. Até aqui toda a gente de acordo, não?

Vamos então ao passo seguinte. Há, nesta conjuntura local e global, pessoas com conhecimento, valor e sensibilidade para, com uma comunicação acessível, fazer entender o outro das razões que levam ao insistente e indispensável alerta para as causas ambientais e, por isso mesmo, merecem o nosso respeito, a nossa admiração e a nossa adesão aos seus ensinamentos. Mas há também os lobistas que procuram manipular opiniões e situações com vista ao lucro próprio ou de quem lhes paga. Estes merecem, também por isso, o mais profundo desprezo pela sua mensagem e pelas suas acções.

Na nossa praça têm pouca voz os primeiros e muito espaço, tempo e meios, os segundos. Intitulam-se, muitos deles de “ambientalistas”. Estão organizados em associações e organizações nunca escrutinadas e muito menos fiscalizadas pelos poderes públicos, mas com muito poder de influência nos meandros desses, mesmos, poderes.

É fácil compreender aquilo que vemos e experienciamos com os nossos próprios sentidos, e como não vivemos numa bolha, vamos vendo, mais vezes do que gostaríamos, manchas negras de grandes dimensões, espalhadas pela paisagem, que nos preocupam.

Perante aquilo que, em nosso entender, é um gravíssimo atentado ambiental estão a espalhar-se por este maravilhoso país verde, centrais fotovoltaicas que, quem vê, mais lhe parecem lagos negros onde antes eram árvores, arbustos e erva verde e os ditos “ambientalistas” sobre isto, dizem nada. Ou por outra, vêm com uma narrativa de que é energia verde, sustentável, necessária à transição energética e outras frases bombásticas, para papalvo engolir e acreditar.

Nós que não percebemos nada do assunto resta-nos perguntar: Então será que cortar árvores, rotear terrenos aráveis e transformar esses espaços em desertos, que eliminam qualquer tipo de vida, animal, vegetal, insectívora, que destrói ecossistemas vivos e com vida, contribui para a sustentabilidade do planeta?

Então a tal energia verde que nos parece, de todo, indispensável, não poderia ser produzida em telhados, terraços, estradas e outros locais expostos a mais horas de sol e que só pelo facto de serem espaços intervencionados pelo Homem já não têm outra utilidade para além daquela para a qual foram construídos, sem haver necessidade de arrasar terrenos fonte de recursos alimentares, oxigénio e outros?

Temos visto indivíduos pertencentes a algumas associações e organizações “ambientalistas” que bloqueiam tudo com pareceres de impacto ambiental negativo hoje sim e amanhã não, de duvidosa pertinência científica, e se transformam, com esses pareceres em verdadeiros carrascos do desenvolvimento nacional. Basta termos memória do parecer, datado, sobre a localização do aeroporto no Montijo que não, depois sim, mas, que caducou ao fim de alguns anos sem que a localização e as circunstâncias se tenham alterado, no entanto sobre este atentado ambiental, visual e nefasto para o ecossistema vivo, não aparecem com nenhuma objecção.

Isto para não falar naquela coisa chamada "climáximo" composto por uns jovens violentos incapazes de produzir algo, mas muito activos na destruição do que os outros constroem ou construíram.

Será que estão a ser sustentados pelas grandes empresas detentoras daquele nicho de mercado?

Como não temos qualquer tipo de poder sobre o assunto deixamos as questões para quem saiba, possa e queira responder.

6/07/2024

Zé Rainho   

segunda-feira, 1 de julho de 2024

DECADÊNCIA!

 


Temos no arquétipo da nossa memória algumas das consequências da Guerra Civil de Espanha e da segunda Guerra Mundial, com vivências e experiências. Vivemos bastantes anos da nossa vida em paz, liberdade, desenvolvimento e alguma prosperidade.

Habituámo-nos a olhar para as instituições democráticas como elite e suporte de uma sociedade participativa, tolerante, solidária e inclusiva.

Dávamos por adquirido que as lideranças eram impolutas, conhecedoras, altruístas, trabalhadoras para a sustentação e consolidação do Estado de Direito.

Sentíamos todos estes efeitos na sociedade portuguesa, mas também, nas sociedades democráticas do mundo, particularmente, naquelas que, vulgarmente, se designam por civilização ocidental, onde sobressai a Europa Ocidental, Estados Unidos da América, Canadá, Austrália, Reino Unido.

Assistimos, com preocupação, à degradação acelerada, até vertiginosa, de valores na sociedade e à decadência das instituições basilares desta civilização.

Vemos, com apreensão, alguns acontecimentos inquietantes. Desde logo, a campanha eleitoral nos Estados Unidos da América. Os putativos presidentes serão: um idoso diminuído nas suas capacidades físicas e intelectuais, ou um idoso truculento de carácter belicoso que convive mal com a verdade e a seriedade na política, mas também nos negócios, nas obrigações fiscais, no respeito pelo universalismo e pela diversidade. Interrogo-me se um país tão grande, tão próspero e tão diverso, não conseguirá gerar, no seu seio, outro tipo de candidatos, mais capazes, mais jovens, mais alinhados com os valores da democracia e do respeito pelo outro, sendo que o outro são as pessoas daquela sociedade, mas também as pessoas do resto do mundo.

Questiono-me sobre a liderança da Rússia, belicista e confrontacional, e a acomodação de um povo amordaçado há séculos.

Vejo, com inquietação, os interesses, mesquinhos, que grassam numa União Europeia da paz, da solidariedade, da entreajuda, da pluralidade e do respeito pela Lei, pela Ordem e pelo Progresso.

Assisto, no nosso país, a um aumento exponencial do discurso do ódio, à mediocridade das lideranças políticas parlamentares, ao aumento desmesurado do descrédito da justiça e seus agentes, à fragilidade da educação da nossa juventude, cada vez mais, balizada por baixo, a pouco mais que sofrível informação dos média, ao pouco respeito e valor pela cultura, popular e erudita, o acelerar da insegurança com desacatos diários que resultam em mortes, a pouca consideração dada às forças de segurança, aos militares, aos professores, aos médicos, aos enfermeiros, aos clérigos, aos pensadores, escritores, músicos, artistas sérios e capazes, por contraponto com as minorias propagadas pela moda, pela televisão, pelas redes sociais, fúteis, e inúteis.

Lastimo o que está a acontecer a um povo tão hospitaleiro, ordeiro, franco, e que tem medo de passear em determinados locais, cidades, bairros, vilas e até aldeias, porque é assaltado, espancado, brutalizado, principalmente se é criança ou idoso.

Tenho pena da degradação do conceito e vivência da família tradicional, que é ostracizada por uma narrativa de falsa liberdade individual, mas também da mulher e do homem que pretendem ser inteiros, na sua individualidade, complementando-se na sua diversidade, porque parece ser pecado ser macho e fêmea. Não sei a quem aproveita isto de nos querem fazer crer que o que é normal e respeita os direitos humanos é ser um híbrido.

Por fim, mas não por último, porque muito mais haveria a dizer, apoquentam-me as rivalidades mesquinhas e a inveja que grassa nesta sociedade que cataloga, permanentemente, o nós e os outros, os bons e os maus, sendo que o nós e os nossos são sempre os bons e os outros são sempre os maus. Irrita-me o sentido de vida tribal em que a minha tribo é bestial e a tribo alheia é, simplesmente, besta. Preocupa-me o fundamentalismo de posições que não é capaz de ver que a razão também pode estar do outro lado.

Procuremos, cada um com as suas possibilidades inverter este tipo de coisas e situações para que leguemos aos vindouros um mundo melhor.

1/07/2024

Zé Rainho