segunda-feira, 1 de julho de 2024

DECADÊNCIA!

 


Temos no arquétipo da nossa memória algumas das consequências da Guerra Civil de Espanha e da segunda Guerra Mundial, com vivências e experiências. Vivemos bastantes anos da nossa vida em paz, liberdade, desenvolvimento e alguma prosperidade.

Habituámo-nos a olhar para as instituições democráticas como elite e suporte de uma sociedade participativa, tolerante, solidária e inclusiva.

Dávamos por adquirido que as lideranças eram impolutas, conhecedoras, altruístas, trabalhadoras para a sustentação e consolidação do Estado de Direito.

Sentíamos todos estes efeitos na sociedade portuguesa, mas também, nas sociedades democráticas do mundo, particularmente, naquelas que, vulgarmente, se designam por civilização ocidental, onde sobressai a Europa Ocidental, Estados Unidos da América, Canadá, Austrália, Reino Unido.

Assistimos, com preocupação, à degradação acelerada, até vertiginosa, de valores na sociedade e à decadência das instituições basilares desta civilização.

Vemos, com apreensão, alguns acontecimentos inquietantes. Desde logo, a campanha eleitoral nos Estados Unidos da América. Os putativos presidentes serão: um idoso diminuído nas suas capacidades físicas e intelectuais, ou um idoso truculento de carácter belicoso que convive mal com a verdade e a seriedade na política, mas também nos negócios, nas obrigações fiscais, no respeito pelo universalismo e pela diversidade. Interrogo-me se um país tão grande, tão próspero e tão diverso, não conseguirá gerar, no seu seio, outro tipo de candidatos, mais capazes, mais jovens, mais alinhados com os valores da democracia e do respeito pelo outro, sendo que o outro são as pessoas daquela sociedade, mas também as pessoas do resto do mundo.

Questiono-me sobre a liderança da Rússia, belicista e confrontacional, e a acomodação de um povo amordaçado há séculos.

Vejo, com inquietação, os interesses, mesquinhos, que grassam numa União Europeia da paz, da solidariedade, da entreajuda, da pluralidade e do respeito pela Lei, pela Ordem e pelo Progresso.

Assisto, no nosso país, a um aumento exponencial do discurso do ódio, à mediocridade das lideranças políticas parlamentares, ao aumento desmesurado do descrédito da justiça e seus agentes, à fragilidade da educação da nossa juventude, cada vez mais, balizada por baixo, a pouco mais que sofrível informação dos média, ao pouco respeito e valor pela cultura, popular e erudita, o acelerar da insegurança com desacatos diários que resultam em mortes, a pouca consideração dada às forças de segurança, aos militares, aos professores, aos médicos, aos enfermeiros, aos clérigos, aos pensadores, escritores, músicos, artistas sérios e capazes, por contraponto com as minorias propagadas pela moda, pela televisão, pelas redes sociais, fúteis, e inúteis.

Lastimo o que está a acontecer a um povo tão hospitaleiro, ordeiro, franco, e que tem medo de passear em determinados locais, cidades, bairros, vilas e até aldeias, porque é assaltado, espancado, brutalizado, principalmente se é criança ou idoso.

Tenho pena da degradação do conceito e vivência da família tradicional, que é ostracizada por uma narrativa de falsa liberdade individual, mas também da mulher e do homem que pretendem ser inteiros, na sua individualidade, complementando-se na sua diversidade, porque parece ser pecado ser macho e fêmea. Não sei a quem aproveita isto de nos querem fazer crer que o que é normal e respeita os direitos humanos é ser um híbrido.

Por fim, mas não por último, porque muito mais haveria a dizer, apoquentam-me as rivalidades mesquinhas e a inveja que grassa nesta sociedade que cataloga, permanentemente, o nós e os outros, os bons e os maus, sendo que o nós e os nossos são sempre os bons e os outros são sempre os maus. Irrita-me o sentido de vida tribal em que a minha tribo é bestial e a tribo alheia é, simplesmente, besta. Preocupa-me o fundamentalismo de posições que não é capaz de ver que a razão também pode estar do outro lado.

Procuremos, cada um com as suas possibilidades inverter este tipo de coisas e situações para que leguemos aos vindouros um mundo melhor.

1/07/2024

Zé Rainho

 

 

 

 

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