quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Aculturação!

 

ACULTURAÇÃO!

Está na ordem do dia o tema da segurança que, muitas vezes, aparece associado à emigração. Talvez por isso se comece a falar da emigração como tema a debater, a analisar, sem complexos e preconceitos.

A emigração é um problema e uma necessidade. Logo é uma oportunidade que deve ser encarada com sentido de Estado e de humanismo. Isto mesmo veio mencionado num jornal de referência deste fim de semana com uma entrevista ao líder da oposição, Pedro Nuno Santos.

Deixemos para os políticos, comentadores e analistas as análises virtuais do que diz o Pedro Nuno Santos. Uns dizem que deu cambalhotas. Outros que mudou de posição e outros ainda o mimosearam com epítetos de extremismos e de colagem à extrema-direita, neste caso, correligionários do mesmo partido. Propomos centrarmo-nos em coisas básicas que ele referiu.

É preciso que a emigração seja controlada e que quem vem para cá viver deve respeitar a nossa cultura, o nosso modo de viver.

Parece-me que um líder partidário que sonha vir a governar o país demonstre ter bom senso e o Pedro Nuno vem demonstrar que o possui.

Vamos por partes: - Então se nós formos para qualquer país que não fale a nossa língua não nos sentimos obrigados, por questões práticas do dia a dia, a aprender os vocábulos nativos mais necessários para a nossa sobrevivência e com o tempo aumentarmos o léxico para comunicarmos com quem trabalhamos, com os vizinhos, com as pessoas à nossa volta? Não foi o que fizeram os nossos emigrantes em França e na Alemanha que para lá foram na década de sessenta do século passado? Isto é um mal ou é um bem? É um bem, indiscutivelmente. Adquirimos mais uma ferramenta para a nossa bagagem que nos abre mais oportunidades.

Se um cigano, preto, indiano ou qualquer outra pessoa aprender que as leis portuguesas não permitem que os homens maltratem as mulheres, as crianças, os animais – ainda que essas leis nem sempre sejam cumpridas – não será uma mais-valia para essas pessoas que, em última instância, obvia à violência sobre as vítimas?

É evidente que é um avanço civilizacional e uma contribuição para um mundo mais justo e melhor.

Porém, há por aí umas cabeças pouco pensantes, com voz nos média, que dizem que isso é uma aculturação inaceitável. Será?

Então as meninas ciganas de dez doze anos que são obrigadas a casar com quem os pais escolhem, mesmo que esse homem seja quase um velho com dinheiro, não serão mais felizes se puderem continuar a frequentar a escola, a crescer em liberdade e a ter o direito de escolha do parceiro que entender, quando chegar o momento certo?

Então a mulher muçulmana não será mais feliz se tiver a liberdade de poder frequentar uma escola, uma universidade, ir a centro comercial ou, simplesmente, dar um passeio sem ter que, obrigatoriamente, ser acompanhada por um homem?

São pequenos exemplos de que a aculturação não é uma coisa má, nem aberrante, mas, pelo contrário é um enriquecimento para os estrangeiros e para os portugueses que com eles convivam, porque passam ambos a adoptar usos, costumes, temperos, comida, música, dança, arte, sem coacção, mas com aceitação mútua e como meio próximo de comunicar e conviver com o outro, sem desconfiança ou medo.

O que seríamos nós portugueses se não tivéssemos absorvido a cultura dos celtas, dos árabes, dos vândalos, dos suevos, dos romanos? Seríamos qualquer coisa, mas não seríamos, certamente, o povo que hoje somos.

Qual é então o mal dizer aos povos que nos procuram que se devem esforçar para aprender a nossa língua, os nossos usos, a nossa forma de estar na vida em comunidade? Onde está o erro se essas pessoas nos mostrarem como é que eles comunicam entre si, se apoiam ou se guerreiam, trabalham ou se divertem?

A aculturação, ao contrário do que nos querem fazer crer os radicais, não é um mal, mas é um bem.

É evidente que ninguém preconiza a obrigatoriedade de professar uma religião, o modo de vestir ou de pensar, mas tão somente, um intercâmbio de conhecimentos, de ideias, pensamentos para uma soma de culturas e não uma subtracção e, ainda menos, uma divisão das diferentes e diversificadas formas de viver.

Não seria despiciendo que se estudasse mais a antropologia cultural nas suas componentes etnográficas e etnológicas para melhor se entender que as relações entre as pessoas são a mola do desenvolvimento, da liberdade e da paz evitando, desta forma debitar atoardas que não ajudam a resolver o problema.

28/01/2025

Zé Rainho

 

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