ACULTURAÇÃO!
Está na ordem do dia o tema da segurança que, muitas vezes,
aparece associado à emigração. Talvez por isso se comece a falar da emigração como
tema a debater, a analisar, sem complexos e preconceitos.
A emigração é um problema e uma necessidade. Logo é uma
oportunidade que deve ser encarada com sentido de Estado e de humanismo. Isto
mesmo veio mencionado num jornal de referência deste fim de semana com uma
entrevista ao líder da oposição, Pedro Nuno Santos.
Deixemos para os políticos, comentadores e analistas as
análises virtuais do que diz o Pedro Nuno Santos. Uns dizem que deu
cambalhotas. Outros que mudou de posição e outros ainda o mimosearam com
epítetos de extremismos e de colagem à extrema-direita, neste caso,
correligionários do mesmo partido. Propomos centrarmo-nos em coisas básicas que
ele referiu.
É preciso que a emigração seja controlada e que quem vem para
cá viver deve respeitar a nossa cultura, o nosso modo de viver.
Parece-me que um líder partidário que sonha vir a governar o
país demonstre ter bom senso e o Pedro Nuno vem demonstrar que o possui.
Vamos por partes: - Então se nós formos para qualquer país
que não fale a nossa língua não nos sentimos obrigados, por questões práticas
do dia a dia, a aprender os vocábulos nativos mais necessários para a nossa
sobrevivência e com o tempo aumentarmos o léxico para comunicarmos com quem
trabalhamos, com os vizinhos, com as pessoas à nossa volta? Não foi o que
fizeram os nossos emigrantes em França e na Alemanha que para lá foram na
década de sessenta do século passado? Isto é um mal ou é um bem? É um bem, indiscutivelmente.
Adquirimos mais uma ferramenta para a nossa bagagem que nos abre mais
oportunidades.
Se um cigano, preto, indiano ou qualquer outra pessoa
aprender que as leis portuguesas não permitem que os homens maltratem as
mulheres, as crianças, os animais – ainda que essas leis nem sempre sejam
cumpridas – não será uma mais-valia para essas pessoas que, em última instância,
obvia à violência sobre as vítimas?
É evidente que é um avanço civilizacional e uma contribuição
para um mundo mais justo e melhor.
Porém, há por aí umas cabeças pouco pensantes, com voz nos
média, que dizem que isso é uma aculturação inaceitável. Será?
Então as meninas ciganas de dez doze anos que são obrigadas a
casar com quem os pais escolhem, mesmo que esse homem seja quase um velho com
dinheiro, não serão mais felizes se puderem continuar a frequentar a escola, a
crescer em liberdade e a ter o direito de escolha do parceiro que entender,
quando chegar o momento certo?
Então a mulher muçulmana não será mais feliz se tiver a
liberdade de poder frequentar uma escola, uma universidade, ir a centro
comercial ou, simplesmente, dar um passeio sem ter que, obrigatoriamente, ser
acompanhada por um homem?
São pequenos exemplos de que a aculturação não é uma coisa
má, nem aberrante, mas, pelo contrário é um enriquecimento para os estrangeiros
e para os portugueses que com eles convivam, porque passam ambos a adoptar
usos, costumes, temperos, comida, música, dança, arte, sem coacção, mas com
aceitação mútua e como meio próximo de comunicar e conviver com o outro, sem
desconfiança ou medo.
O que seríamos nós portugueses se não tivéssemos absorvido a
cultura dos celtas, dos árabes, dos vândalos, dos suevos, dos romanos? Seríamos
qualquer coisa, mas não seríamos, certamente, o povo que hoje somos.
Qual é então o mal dizer aos povos que nos procuram que se
devem esforçar para aprender a nossa língua, os nossos usos, a nossa forma de
estar na vida em comunidade? Onde está o erro se essas pessoas nos mostrarem como
é que eles comunicam entre si, se apoiam ou se guerreiam, trabalham ou se
divertem?
A aculturação, ao contrário do que nos querem fazer crer os
radicais, não é um mal, mas é um bem.
É evidente que ninguém preconiza a obrigatoriedade de
professar uma religião, o modo de vestir ou de pensar, mas tão somente, um
intercâmbio de conhecimentos, de ideias, pensamentos para uma soma de culturas
e não uma subtracção e, ainda menos, uma divisão das diferentes e diversificadas
formas de viver.
Não seria despiciendo que se estudasse mais a antropologia
cultural nas suas componentes etnográficas e etnológicas para melhor se
entender que as relações entre as pessoas são a mola do desenvolvimento, da
liberdade e da paz evitando, desta forma debitar atoardas que não ajudam a
resolver o problema.
28/01/2025
Zé Rainho
Sem comentários:
Enviar um comentário