segunda-feira, 20 de julho de 2020

IGUALDADE?


Tenho passado a minha vida, e olhem que já vai longa, a ouvir falar em igualdade, a propósito de tudo e do seu contrário.
É a igualdade de direitos. A igualdade entre o homem e a mulher. Igualdade na justiça (a justiça é igual para todos!!!!! Só para rir!). Igualdade dos povos. Igualdade das nações. Igualdade no nascer. Igualdade no morrer. Igualdade, igualdade, igualdade é o mote para todos os discursos, da esquerda à direita, com uma acentuação pronunciada na esquerda nacional. Isto arrepia-me. Porque não se pode tratar igual o que é diferente.
Vejamos:- se houver uma obrigatoriedade legal de percorrer cem metros em dois minutos onde está a igualdade entre um indivíduo de porte atlético, com tudo no sítio e aquele raquítico, cheio de fome, a quem, ainda por cima, falta um pé?
Onde está a igualdade, na existência de um serviço público indispensável a todos, onde é preciso subir 15 degraus, sem alternativa, entre um indivíduo com todas as suas capacidades locomotoras e outro que se vê confinado a uma cadeira de rodas?
Onde está a igualdade, num passeio de um grande centro urbano, abusivamente lotado de automóveis, que tem de ser percorrido por um indivíduo com capacidade visual e um cego?
Onde está a igualdade, entre uma criança que tem de se levantar às sete da manhã para ir para a escola que começa às nove e outra que mora a cinquenta metros do edifício escolar?
Onde está a igualdade, entre duas famílias que têm necessidade de colocar os seus filhos na Universidade sedeada num grande centro urbano onde uma reside na cidade e a outra numa qualquer aldeia que dista a duzentos quilómetros?
Onde está a igualdade, entre um banqueiro e um bancário quando os dois têm que fazer face às despesas de formação dos seus filhos?
Os exemplos seriam infindos como poderão calcular. Não vale a pena continuar a enumerar.
Por esta razão eu prefiro pensar em equidade. A cada um segundo as suas necessidades e de acordo com as suas potencialidades.
Por que equidade é ter respeito pela diferença. Respeitar tempos. Respeitar condições. Respeitar indivíduos, sejam eles homens ou mulheres. Sejam paraplégicos ou atléticos. Tenham olhos de lince ou, simplesmente, invisuais. Sejam altos ou baixos, gordos ou magros.
Que tal, então, exigir do legislador mais atenção à equidade e menos à igualdade?

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