quarta-feira, 8 de julho de 2020

Indignação!



Passadas quase vinte horas após ter assistido a uma coisa que não sei se hei-de chamar debate, catequização, malabarismo, mentira compulsiva ou qualquer outro epíteto menos simpático acho que posso, com isenção e sem qualquer tipo de paixão analisar o que se passou.
Pessoalmente não gosto de touradas, como não gosto de pesca à linha, ou raves,  ditaduras, por exemplo. Não gosto de muitas outras coisas como é óbvio, notório e transparente.
Gosto muito de respeito mútuo. Gosto de pessoas, de animais, de planícies, planaltos, mares, sol, rios e ribeiros cristalinos. Gosto de democracia e liberdade.
Então ao que vem este arrazoado? Deve-se, particularmente, ao que assisti no Telejornal da TVI de ontem à noite. Admito perfeitamente que outros tenham visto diferente. Respeito. O que é que eu vi?
Vi o debitar de uma cartilha demagógica, arrogante, de superioridade moral da Líder Parlamentar do PAN, com chavões estafados e inconsistentes como “evidência científica”, “questão factual” e outras atoardas similares. Para dar alguma credibilidade à sua exposição – melhor seria dizer cassete – apresentou uma sondagem da Universidade Católica feita a alguns lisboetas de que ela inferiu, maldosamente ou apenas chamando-nos otários, que a maioria dos portugueses são contra as touradas. Disse também que o Governo Regional dos Açores teria gasto, durante a pandemia quinhentos milhões de euros – perante o ar estupefacto dos jornalistas em presença remediou para quinhentos mil euros – de apoio às touradas na Ilha Terceira. Argumentando que tal era inadmissível porque havia no arquipélago outros artistas a passar fome. Não sei se é verdade porque pelo que atrás referi não dou qualquer credibilidade à rapariguinha. Se for verdade acho que o Governo deve providenciar para que ninguém passe fome, artista ou qualquer outra pessoa.
Não dou credibilidade à rapariguinha porque ela não sabe o que diz. Desde logo porque confunde, à boa maneira salazarista, Lisboa com Portugal. No tempo da outra senhora é que se dizia que Portugal era Lisboa e o resto era paisagem. Tal anacronismo hoje é inadmissível. Portugal é um todo nação e não uma fracção, por maior que ela seja.
Não reconheço a uma rapariguinha eleita por pouco mais de trinta mil eleitores lisboetas e dos arredores que venha dar lições de cultura e de superioridade que, factualmente, não tem, não demonstra, bem pelo contrário. Cultura de um país, com quase um milénio é muito mais do que uma moda urbana. Parece que a senhora não sabe este pequeno pormenor que é um por(maior). Não sabe também que tourada é cultura. Tourada é modo de vida para muita gente e, só por esse facto, tem todo o direito a existir e a ser apoiada como qualquer outra actividade, cultural, empresarial, social.
Por outro lado, a senhora como eleita (ainda que por escasso número e por aleivosia da lei) deveria saber que deve por acima dos seus interesses e dos interesses do seu grupo de amigos o interesse nacional, porque é para isso que o contribuinte lhe paga um salário e benesses, que me atrevo a apostar, que na sua profissão anterior, se é que a teve, jamais auferiu.
Para terminar acho que o País e o Povo Português necessita de Leis que o catapultem para o desenvolvimento e o bem-estar que o liberte da subsidio-dependência e não estes casos arvorados em causas e cabe aos parlamentares preocuparem-se com causas. Com liberdade de escolha sem proibições tão caras ao PAN. Não sei se lembram de todas as proibições propostas por este partido sempre com ar de defesa de alguma coisa.
Quem não quer ir às touradas não vá. Faça como eu faço, não vou. Mas essa opção não me dá o direito de impedir quem gosta de o fazer. Portanto minha senhora cresça, tome juízo e não vista calças que não lhe servem ou, pelo menos, não lhe ficam bem.
Zé Rainho 

Sem comentários:

Enviar um comentário